quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 1º: Janelle Monáe - ArchAndroid


Agora que as oportunistas (Duffy, Adele e afins) desapareceram tão rápido como apareceram, agora que a soul já não é uma moda capaz de encher estádios e Amy Winehouse já não aparece todo o santo dia nos tablóides britânicos, agora, meus caros, é a altura certa para Janelle Monáe se mostrar. Arch Android vai a todas - tal é fácil notar logo à segunda canção (a primeira é a intro), "Dance or Die": spoken word do grande Saul Williams, baixo pulsante, Monáe a esgrimir rimas pedidas de emprestado ao hip hop e um caos sónico que culmina num solo ácido. Já ganhámos o dia, mas há mais. Há jazz, funk, r&b, soul (muita soul) e rock psicadélico. Monáe quis fazê-lo em grande e foi isso mesmo que fez. Na primeira metade é uma artista em estado de graça, um conjunto de canções pop perfeitas. A segunda metade é um objecto estranho, menos entusiasmante, mas nem por isso menos bom. É como se a primeira metade fosse uma explicação teórica, mas positiva desse Mundo que é referenciado algures em 3005 (!), e a segunda metade fosse a explicação prática. Um "Ok! Isto não é assim tão bom, pelo contrário, é terrivel e não há grande volta a dar”.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

2010: O ano em que mundo (da música) se voltou a unir por uma causa

Dia 12 de Janeiro de 2010, um sismo e duas réplicas violentíssimas no Haiti. Um mundo (da música) predisposto a ajudar, chegou-se afrente.

Os Arcade Fire - que, se bem se lembram, em Funeral incluiram, precisamente, uma canção chamada "Haiti" - venderam os direitos de "Wake Up" - canção maior que a vida e, ironicamente, diriamos, capaz de provocar um sismo ou, pelo menos, uma réplica - para uma campanha publicitária do Super Bowl, o maior evento de futebol americano.



Shane MacGowan (The Pogues), Nick Cave & Johnny Depp gravaram uma canção de beneficência:


Kanye West, Kid Cudi, Snoop Dogg, Lil Wayne, Brian Wilson e uma armada de artistas menores gravaram um remake de "We Are The World":

Discos do Ano - 2º: Sleigh Bells - Treats


Um grito adolescente, viciante, violento, entusiasmante, brutal. Guitarra com riffs pesadões e efeitos vários, muita distorção, sintetizadores e beats que muito devem ao hip hop. Um sample dos Funkadelic em "Rill, Rill", o fantasma dos Kills do último e óptimo Midnight Boom na também óptima "Infinity Guitars", M.I.A. - madrinha e confessa admiradora do duo - na voz de Krauss, que, não, não canta grande coisa. Há também algo de Yeah Yeah Yeahs e dos extintos Be Your Own Pet – canções curtas, atitude punk. Derek Miller e Alexis Krauss touxeram influências dos seus dos mundos anteriores. Juntaram-lhes alguma synth-pop e algumas influências hip hop. São um dos acontecimentos do ano - quiçá da década.


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

2010: O ano em que Europa saiu à rua (à excepção de Portugal)

Num ano em que a crise atingiu-nos a todos como poucas vezes antes, em que o Programa Estabilidade e Crescimento proporcionou cortes orçamentais violentíssimos cá no burgo, num ano em que os combustíveis atingiram valores nunca antes vistos e num 2010 de pouca estabilidade política, a Europa saiu à rua. Depois da Grécia, Roménia, Inglaterra e França seguiram-se como exemplos. Portugal é quase uma excepção. Estas canções vão lembrar-nos 2010 como o ano em que a Europa saiu à rua:



Discos do Ano - 3º: The National - High Violet


Há qualquer coisa nos chamados "mais esperados do ano" que, normalmente, os torna menores do que aquilo que antecipávamos. Se no cinema nem sempre os "mais esperados" são-no pelas melhores razões, na música a expectativa aumenta quanto melhor for o clássico (ou clássicos) que ficou lá atrás. Os "mais esperados (ou antecipados) ”, referíamos, raramente cumprem as expectativas - precisamente porque estas estão lá em cima, bem altas e a banda num pedestal inalcançável. É por isso que High Violet é especial: vence inapelavelmente o jogo das expectativas (altas, muito altas). O quinto disco dos norte-americanos é uma pequena maravilha - sim, é superior a Boxer, por mais incrível que Boxer seja (e é). Mas atenção: as principais premissas mantém-se. Aliás, os National não tinham muito que escolher, restava-lhes voltar a fazer mais um conjunto de canções perfeitas - com "Terrible Love", "Anyone's Ghost", "Afraid of Everyone", "Bloodbuzz Ohio" e "Conversation 16" - tudo grandes, grandes, enormes canções - à cabeça. O quinteto de Brooklyn volta a dar uma enorme preponderância à bateria e, desta feita, há Nick Cave na voz de Matt Berlinger para além dos já conhecidos tiques à Stuart Stapples (Tindersticks) e Ian Curtis. Os National chamaram Sufjan Stevens à equação, mas nem era necessário. Mesmo sem o autor de Illinois, o álbum continuaria a roçar a perfeição.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

DIscos do Ano - 4º: Kanye West - My Beautiful Dark Twisted Fantasy


Depois do pequeno passo atrás que foi 808 and Heartbreak, West regressa com o verdadeiro successor de Graduation, a obra-prima de 2007. E, para tal, convocou uma armada de convidados encabeçada por Jay Z e RZA, mas que conta também cm Nicki Minaj, Rick Ross, Kid Cudi e um surpreendente Bon Iver. My Beautiful Dark Twisted Fantasy é Kanye em grande forma. É Kanye a denunciar o quão diabólicas podem ser as tecnologias: “Hey teacher, teacher / Tell me how do you responde to students / And Refresh the page and restart the memory?”. É Kanye a trabalhar um sample fabuloso de Mike Oldfield e a agigantar-se num outro dos King Crimson. É Kanye a dar mais uma prova de que o seu ego e ambição não têm limites: «I’m living in that 21st century doing something to it / Do it better then anybody ever seen do it”. É Kanye em estado de graça a espalhar confiança: “More Specifically they can kiss my ass hole / I’m an asshole? You niggas got jokes”. E é Kanye a dar-nos clássicos instantâneos como “Dark Fantasy”, “Power”, “Monster” e “Runaway”. Kanye’s the Best.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 5º: Deerhunter - Halcyon Digest


Acreditem no ‘hype’, Halcyon Digest é um dos discos que nos fará recordar 2010 com um sorriso nos lábios. Logo à segunda canção, “Don’t Cry” – sim, tem nome de clássico -, Bradford Cox, o mentor do projecto, canta: «C’mon little boy / you don’t need to cry / You don’t need to cry your eyes out». Rapazes, não vale a pena chorar, porque afinal de contas, os Deerhunter existem e isso é tudo o que importa neste momento. O sucessor do muito elogiado Mircocastel/Weird Era Cont lembra-nos, em “Desire Lines”, as harmonias criadas pelas 'girls groups' da década de 50 e nas canções mais curtas trazem-nos à memória os Guided By Voices, na medida em que cada canção soa a manta de retalhos, transformada em grande canção pelas grandiosas mãos de Cox.

sábado, 25 de dezembro de 2010

O novo vídeo dos PAUS é tudo aquilo que imaginávamos

A canção é "Lupiter Deacon" e o vídeo que lhe dá imagem é tudo aquilo que imaginávamos que fosse: imagens avulsas que incluem pastelaria variada, imagens de Lisboa e personagens de maquilhagem medonha. É uma água é um dos melhores discos nacionais de 2010 e só não entra nas contas do balanço anual porque é um ep.

Discos do Ano - 6º: Ariel Pink's Haunted Graffiti - Before Today


Ariel Pink e os seus Haunted Graffiti recauchutaram memórias várias de infância - esse novo género a que chamam chillwave é isso mesmo -, memórias do tempo em que a rádio era companheira ideal de vários inadaptados espalhados pelos quatro cantos do Mundo, no tempo da k7, no tempo da baixa fidelidade, um tempo que nos parece agora menos longinquo. Before Today abraça a imperfeição, junta harmonias e falsetos, imita jingles publicitários e cita os Queen, Prince, Michael Jackson, o funk e o glam-rock.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 7º: Arcade Fire - The Suburbs


The Suburbs é o mais ambicioso trabalho dos Arcade Fire. É um ambiciosíssimo álbum conceptual sobre os subúrbios, claro está, e as personagens (imaginadas ou não pela banda) que lá moram. Tem 16 canções e ultrapassa os 60 minutos de duração. Fazer tudo isto sem cansar o ouvinte é obra. É um disco fabuloso, menos imediato que Neon Bible, pelo que exige várias audições. É épico, sem soar pretensioso, maior que a vida em algumas canções ("Half Light I" e "Sprawl I (Flatland)") e não se coíbe a pôr a mão na ferida em outras ( a belíssima "City With No Children"). Nas grandes novidades destacam-se alguns apontamentos electrónicos ("Sprawl II (Mountains Beyond)", é o exemplo mais descarado). Sejamos realistas - dificilmente estes canadianos vão gravar um mau disco. The Suburbs é o terceiro tiro certeiro em outras tantas tentativas e a melhor banda da última década vai continuar a sê-lo nesta. Agora, já sem grandes surpresas.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Strokes e Portishead no Super Bock Super Rock


O Super Bock Super Rock entrou a matar e anunciou dois nomes grandes, bem grandes para o Super Bock Super Rock. A Unidade sabe que estão em cima da mesa outros nomes cheios de coisas interessantes para mostrar. Aguardemos por 2011, com ansiedade.

Os Strokes aka a melhor banda de rock da década dos zeros e os Portishead são as primeiras confirmações daquele que promete ser, pelo segundo ano consecutivo, o mais estimulante festival de Verão cá do burgo. Primeiro os Strokes. Depois da conturbada actuação de Julian Casablancas na edição 2010, o vocalista regressa, mas agora acompanhado. Do disco, diz-se que já está pronto, e a edição deverá acontecer em meados de 2011, bem a tempo do concerto no Meco.

Já os Portishead regressam depois dos concertos no Coliseus em Março de 2008 – ainda na ressaca do regresso, dez anos depois de Portishead, o disco que os trouxe ao Sudoeste. A banda garante que o novo disco não vai demorar outros dez anos a sair e nós não temos porque não acreditar.




Discos do Ano - 8º: Twin Shadow - Forget


Numa altura em que os Gayngs existem, neste tempo em que os Gayngs repescam clássicos mais ou menos pirosos, "one hit wonders" avulsos e fazem-se de pomposos romãnticos, recebemos Twin Shadow alterego de George Lewis Jr., personagem que mais parece saída de um filme de Bollywood. A estreia de Twin Shadow atira-se a sons do passado, um passado em que conseguimos filtrar influências como os Queen e David Bowie.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

[Reportagem] MGMT - 18 de Novembro - Campo Pequeno

Casa cheia - ou perto de - no Campo Pequeno para aquele que foi o último grande concerto de 2010 no passado dia 18 de Dezembro. Antes do concerto, vimos um ou outro fã vestido a rigor e alguns estrangeiros para o também último concerto desta digressão dos MGMT. Vem aí o Natal e há que viajar para perto da família.

A história dos MGMT já foi contada centenas de vezes. Vamos resumir: Um disco, duas canções capazes de fazer desviar o eixo da Terra (qual terramoto no Chile!) e uma viagem à Transilvânia depois, o duo composto por Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser decide dar um passo atrás, que afinal são dois em frente - como corpo inteiro, “Congratulations” é claramente superior a “Oracular Spectacular” e - mais importante - mantém o factor surpresa. Porque ninguém estava à espera disto. O suicídio comercial, a ausência de refrães e a dificuldade em transpor o álbum para um palco acabam por se revelar apostas ganhas – “Congratulations” figura, com todo o mérito, em grande parte das listas de balanço anual.

Para os que receavam uma sabotagem a “Oracular Spectacular”, os MGMT acalmam as hostes com «Youth». Segue-se «Time to Pretend» e aquela linha de teclados imortal mais aquela letra intemporal – sem dúvida, uma das melhores canções da década dos zeros. Chega, por fim, uma canção do álbum deste ano, «Song for Dan Treacy» e as suas teclas fantasmagóricas - os Beach Boys como referência - e a repetição - coisa rara neste disco - da frase “He Made is Mind Up”. Ouvimos a óptima «Weekend Wars» e a perfeita «I Found a Whistle». Olhamos para as imagens psicadélicas no pano de fundo branco e ouvimos, apropriadamente, os primeiros acordes de «Flash Delirium». “Electric Feel” mostra de uma vez por todas que não, os MGMT não decidiram dar nova roupagem, ao vivo, às canções de “Oracular Spectacular”. Em «It’s Working» lembramo-nos dos The Mamas & Papas e, depois, temos um ou outro momento mais Floydiano.

E eis que pouco antes da primeira saída de palco surge a canção mais esperada da noite, «Kids», e uma reacção eufórica - explosão de gritos, assobios, saltos na plateia, uma bancada em pé, telemóveis ao alto, mais do que uma canção que se tornou maior que a própria banda, um hino, um hino que toda a gente conhece. Em palco, toda a banda deixa os instrumentos e junta-se à celebração - há apenas lugar a um orgiástico solo de guitarra. Fim de festa para os fãs do primeiro disco.

Mas os MGMT não quebram no ritmo e oferecem «Brian Eno» - vimos algum público a abandonar a sala depois de «Kids» - e apresentam aquela que é, segundo Andrew VanWyngarden, a última canção da noite, o que não é mais do que VanWyngarden a troçar - a coisa não dura mais que cinco segundos.

Para o encore, o público chamou a banda entoando a melodia de «Kids». VanWyngarden elogia os dotes vocais do público português, anuncia uma última canção e defrauda as expectativas dos presentes: canção longa, de vários minutos, cheia de referências psicadélicas, guitarras wah wah e afins. Acabam com a belíssima «Congratulations». Fim de festa.

Na primeira parte, os Smith Westerns mostraram alguns bons riffs, mas não convenceram em palco como parecem convencer em disco. O próprio single, «Weekend», é uma grande canção de estúdio que acaba por não soar tão bem ao vivo. Recebidos de forma fria, só pararam para dizer algo como “Ok, Obrigado. Aqui vem outra canção”, o que mostra ainda pouca rodagem e falta de à-vontade em tocar ao vivo. Na última canção vemos o guitarrista de aspecto hippie dos MGMT juntar-se em palco - não se acrescentou grande coisa, mas prova que pelo menos, os Smith Westerns vão fazendo bons amigos.

Reportagem original publicada aqui.

Fotografia por Ruben Viegas

Discos do Ano - 9º: Wavves - King of the Beach


Em King of the Beach, o trio de San Diego revela a urgência dos Ramones, vários tiques à Beach Boys e a contestação/palhaçada punk dos anos 90 - sim, falamos dos Greenday, Blink 182, Sum 41 e muitas outras bandas de uma mediocridade atroz. Mas os Wavves fazem-no com estilo. São os Brakes quando lhes dá para a palhaçada e os Nirvana de "I Hate Myself and I Want To Die".

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O melhor do Natal são as canções:

A Pithfork fez um fantástico apanhado de tudo o que se vai fazendo relativo ao Natal no mundo musical, mas nós filtramos e apresentamos o melhor desse apanhado. E não, não inclui a canção de Natal anual dos Killers.

Sufjan Stevens canta "Silent Night" e "Barcarola" - Aqui

Nova de Kanye West: Christmas in Harlem - Aqui

Uns iluminados Shearwater fazem versão de "God's Song (That's Why I Love Mankind)", de Randy Newman:



Os Dresden Dolls a tocarem uma versão de "Two Headed Boy", dos Neutral Milk Hotel:



A melhor versão de "Silent Night" de 2010. Richar Hawley, Jarvis Cocker e Lisa Hannigan na igreja de Saint James.


Mayer Hawthorne canta "Christmas Time Is Here". "This is my favorite Christmas tune, sung over the Vince Guaraldi instrumental", diz ele.

Discos do Ano - 10º: Kylesa - Spiral Shadow

Ao quinto disco, os Kylesa continuam a superar-se. A banda que é composta por dois guitarristas, mas também – e aqui é que está a novidade – dois bateristas tem em Spiral Shadow mais um registo de notável inspiração. Punk, hardcore e pós-grunge – sludge metal, enfim – e a banda de Georgia a mostrar como se faz, em 2010, um disco de peso quase perfeito.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

DIscos do Ano - 11º: MGMT - Congratulations


Um disco, duas canções capazes de fazer desviar o eixo da Terra (qual terramoto no Chile!) e uma viagem à Transylvania depois, o duo composto por Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser decide dar um passo atrás, que afinal são dois em frente - como corpo inteiro, Congratulations é claramente superior a Oracular Spectacular e - mais importante - mantém o factor surpresa. Porque ninguém estava à espera disto. O suicídio comercial, a ausência de refrães e a dificuldade em transpor o álbum para um palco acabam por se revelar apostas ganhas.



domingo, 19 de dezembro de 2010

DIscos do Ano - 12º: Broken Bells - Broken Bells


Com James Mercer, voz dos Shins, Burton volta a fazer um disco perto das convenções "indie" - de repente lembramo-nos das colaborações com Beck, com os Gorillaz e o polémico, mas maravilhoso Dark Night Of The Soul, em colaboração com os Sparklehorse, do falecido Mark Linkous. Temos samples, alguns tiques hip hop que o produtor não esquece, falsetes, belas orquestrações e um conjunto de canções fantásticas.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 13º: Zola Jesus - Stridulum II

Nika Roza Dailova, ou melhor, Zola Jesus, estudou ópera, mas foi na pop cheia de electrónicas que encontrou o seu lugar de conforto. Os anos 80, Fever Ray e Florence Welch vêm à tona num álbum em que “Night”, “Trust Me” e “I Can’t Stand”, curiosamente os três primeiros temas de Stridulum II, brilham. Brilham muito.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 14º: Adam Green - Minor Love


Adam Green tem o melhor disco de dor de corno de 2010. Chama-se Minor Love. Ponto final.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Dois Franz Ferdinand no novo vídeo de um ex-Orange Juice

Edwin Collins (ex-Orange Juice) - senhor atento ao que se vai passando - chamou uma dupla de peso para o vídeo de apresentação de "Do It Again" do novíssimo Losing Sleep - Alex Kapranos de bigode e Nick McCarthy com novo penteado, eis as novidades para os lados dos Franz Ferdinand.

Discos do Ano - 15º: Best Coast - Crazy For You


Cada uma das 13 canções que compõe Crazy For You é curta como o nosso Verão. O Verão dos Best Coast de Beth Cosentino quase dura uma vida, mas o nosso não dura mais que 30 dias. É por isso que gostamos dos Best Coast – trazem-nos as memórias de um Verão adolescente que já se foi para não mais voltar.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 16º: The Black Keys - Brothers

Pode-se dizer que os Black Keys são a versão sexy dos White Stripes – todos eles blues-rock e folk, mas com os teclados a apontar para um outro caminho, a tal faceta sexy que não se pede ao génio de Jack White, até porque o homem da Third Man Records não há-de querer saber das miúdas que o duo de Ohio canta. É o melhor disco que Dan Auerbach e Patrick Carney já gravaram juntos e, não, não foi preciso inventar a roda.


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 17º: Linda Martini - Casa Ocupada


O grande argumento que os Linda Martini apresentam, para lá a inegável capacidade técnica, está na forma como sacam frases capazes de nos pôr a gritar num amanhã ainda longinquo. Vamos-nos lembrar de frases como “A mulher-a-dias faz dias que não vem /Perdeu a conta às horas e meses que um dia tem”, de “Mulher a Dias”, ou “Se me vier, quero-te chegar”, em “Nós os Outros”, ou ainda “Parecemos putos, não temos aulas amanhã!” de “Juventude Sónica”, ou, por fim, “Foder é perto de te amar”, quando rejeitam as rádios em “Cem Metros Sereia”. Os Linda Martini são o grito de uma geração. E quem bem que gritam... A cada canção reverênciam os Sonic Youth e vagueiam pelo pós-rock e pelo rock progressivo. E sempre, sempre com distinção.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 18º: Beach House - Teen Dream


No mapa dream-pop de hoje, os Beach House são os que mais alto se fazem ouvir. Teen Dream é melhor que Devotion, o anterior registo de originais. E ainda que não chegue ao nível da homónima e auspiciosa estreia, é um disco fabuloso, em que canções como "Walk in the Park" e "10 Mile Stereo" brilham intensamente. Teen Dream é um dos mais belos sonhos deste 2010.

domingo, 12 de dezembro de 2010

DIscos do Ano - 19º: Gil Scott-Heron - I'm New Here


Chamam-lhe pioneiro do hip hop e chamam-lhe o Bob Dylan negro. Poderá ser tudo isso, mas I'm New Here mostra muito mais. Mostra-nos um músico com raízes no passado, mas com os olhos no futuro. Só assim se explica que, para além de ir às raízes do blues – a coverde "Me And The Devil, de Robert Johnson – e à folk via Smog aka Bill Callahan – a cover de "I'm New Here –, se atirar também a batidas que ficam a dever algo ao trip-hop e ao dubstep. Afinal, o título do álbum é isso mesmo, I'm New Here, porque um Mundo de tecnologias se desenvolveu enquanto Scott-Heron hibernava criativamente. É um disco negro, com ambientes nublados costurados por Richard Russel, o produtor e homem do leme da XL Recordings. Pelo meio, Scott-Heron sampla Kanye West, "despacha" interlúdios, constrói uma lírica auto-biográfica - já despreocupada em ser política como o era nos anos 60/70 - e consegue soar completamente honesto. É um disco curto, não chega a passar a marca dos 30 minutos. Afinal de contas – e apesar de ter os olhos bem postos no futuro – Gil Scott-Heron continua a ser alguém que surgiu no tempo do vinil.

Os Best Coast e os The Go! formam uma grande Team

Numa altura em que já não restam dúvidas que o Verão de 2010 foi dos Best Coast, Beth Cosentino – sexy, sexy, sexy – junta-se à trupe mais cool do planeta, os The Go! Team – e que equipa fazem! – e o resultado é esta “Buy Nothing Day”, canção incluída em Rolling Blackouts, disco a ser editado no próximo dia 31 de Janeiro. As roupas de Inverno a Beth ficam tão bem como as de Verão. Os desvairados de Brighton já os conhecemos de gingeira: São sempre bons.

Buy Nothing Day by threeminutesthirtyseconds

sábado, 11 de dezembro de 2010

Rapidinhas:

Kylesa Spiral Shadow (Na foto): Ao quinto disco, os Kylesa continuam a superar-se. A banda que é composta por dois guitarristas, mas também – e aqui é que está a novidade – dois bateristas tem em Spiral Shadow mais um registo de notável inspiração. Punk, hardcore e pós-grunge – sludge metal, enfim – e a banda de Georgia a mostrar como se faz, em 2010, um disco de peso quase perfeito.

Zola Jesus - Sdridulum II: Nika Roza Dailova, ou melhor, Zola Jesus, estudou ópera, mas foi na pop cheia de electrónicas que encontrou o seu lugar de conforto. Os anos 80, Fever Ray e Florence Welch vêm à tona num álbum em que “Night”, “Trust Me” e “I Can’t Stand”, curiosamente os três primeiros temas de Stridulum II, brilham. Brilham muito.

Spiral Shadow: 8/10

Sdridulum II: 8/10


Discos do Ano - 20º: Deftones - Diamond Eyes


Naquilo a que se convencionou chamar nu metal, os Deftones sempre foram, a par dos System of a Down, os melhores. Com Diamond Eyes, o sucessor do mal-amado Saturday Night Wrist, a banda de Sacramento volta a carregar no acelerador e fabrica aquele que será, provavelmente, o seu melhor disco. Inspirado pelo azar de Chi Cheng e pelo acidente de carro que o deixou em coma, o sexto álbum dos Deftones varia entre o agressivo, o muito agressivo e o emocional numa prova de vitalidade em toda a linha.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DIscos do Ano - 21º: B Fachada - Há Festa na Moradia


É um disco diferente do último, a homónima obra-prima, Aliás, Bernardo já nos habituou a uma regular troca de registo, de disco para disco - irrefutável prova de coragem. Cortou a barba – coisa de relevo -, mas voltou a ir às raízes tradicionais, ainda que com as ideias postas no presente que sempre iluminaram a cabeça do cantautor. A qualidade de som, essa também desce, relativamente ao antecessor - algo, hoje em dia, cada vez mais comum. Aponta, mais do que qualquer outro, para a interpretação lírica, sendo um registo bem disposto e colorido - não fosse este um disco de Verão. Artista camaleão - o David Bowie dos pobres? -, este é mais um triunfo na ainda curta mas recheada carreira de B Fachada. Nova edição em meados de Dezembro - é de homem!




Canções do Ano - Parte 14

Todos os dias, até Janeiro, a Unidade vai publicar três daquelas que considera serem as melhores canções do ano. Hoje: Wavves e Ariel Pink.

Ariel Pink's Haunted Graffiti - Round and Round


Wavves - King of the Beach


Wavves - Idiot

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 22º: Band of Horses - Infinity Arms


Estamos em 2010 e Seattle já não exporta apenas bandas punk que geram movimentos capazes de mudar o mundo num ápice. Dos Band of Horses aos Fleet Foxes, a capital do estado norte-americano de Washington, presenteia-nos com folk bem ornamentada, homens hiper-barbudos e harmonias bem cuidadas. O terceiro disco dos Band of Horses é um deleite maior na primeira do que na segunda metade, mas, ainda assim, sempre um deleite.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 23º: Yeasayer - Odd Blood

"Children", a primeira canção do disco, está lá para enganar. É diferente de todo o resto e provavelmente estará ali só por estar – porque os Yeasayer adoram este tipo de coisas. É um trabalho ambicioso, cheio de canções pop desafiantes com várias camadas sonoras. Aproximam-se dos Animal Collective quando adicionam sons estranhos – animais, desenhos animados, criaturas da noite, etc – e chegam-se aos Klaxons em alguns coros (em falsete, claro).


Canções do Ano - Parte 13

Todos os dias, até Janeiro, a Unidade vai publicar três daquelas que considera serem as melhores canções do ano. Hoje: The Radio Dept, Aloc Blacc e Ariel Pink.


The Radio Dept - Never Follow Suit


Aloe Blacc - I Need a Dollar


Ariel Pink's Haunted Graffiti - Bright Lit Blue Skies

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Discos do Ano - 24º: The Hold Steady - Heaven is Whenever

Craig Finn continua a ser um Messias, um verdadeiro líder, alguém com capacidade de, com a sua palavra, comandar uma geração, fazer um bando de miúdos mexer-se e lutar por uma causa, seja essa causa uma miúda ou o raio de uma guerra injusta e sem sentido. No fundo, os Hold Steady são hoje um conjunto de quatro Nerds (sem conotação negativa) que têm Bruce Springsteen como inspiração maior e os Clash como inspiração menor. Regressam de dois em dois anos e gostam de nos lembrar como era aborrecido o tempo em que ainda não tinham uma banda. A receita é simples: um bom riff mais uma boa letra recitada com a intensidade que a de um vulcão que acabou de explodir em lava. Não há aqui nenhum riff como o da imortal "Boys and Girls in America", mas "Rock Problems" anda lá perto.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

[Crítica] Kanye West - My Beautiful Dark Twisted Fantasy


Kanye West é, por esta ordem de ideias, viciado no Twitter, um sabotador de discursos, obcecado pela luta contra o racismo, polémico e precipitado. Kanye é uma estrela do século XXI, a maior da sua geração. Um gajo cheio de talento, um génio nas horas vagas.

A promoção de My Beautiful Dark Twisted Fantasy passou por várias fases – as “Good Fridays”, em que West oferecia, todas as Sextas-Feiras, uma canção a quem a quisesse descarregar e, depois, a curta metragem de cerca de 30 minutos para “Runaway”. Era o disco mais esperado e antecipado do último trimestre de 2010. Em entrevista ao Kanyeuniversecity.com, o músico referiu: “Este disco está um passo afrente do rap”. Ouvindo My Beautiful Dark Twisted Fantasy, o quinto disco de Kanye the West, não podiamos estar mais de acordo.

Depois do pequeno passo atrás que foi 808 and Heartbreak, West regressa com o verdadeiro successor de Graduation, a obra-prima de 2007. E, para tal, convocou uma armada de convidados encabeçada por Jay Z e RZA, mas que conta também cm Nicki Minaj, Rick Ross, Kid Cudi e um surpreendente Bon Iver.

My Beautiful Dark Twisted Fantasy é Kanye em grande forma. É Kanye a denunciar o quão diabólicas podem ser as tecnologias: “Hey teacher, teacher / Tell me how do you responde to students / And Refresh the page and restart the memory?”. É Kanye a trabalhar um sample fabuloso de Mike Oldfield e a agigantar-se num outro dos King Crimson. É Kanye a dar mais uma prova de que o seu ego e ambição não têm limites: «I’m living in that 21st century doing something to it / Do it better then anybody ever seen do it”. É Kanye em estado de graça a espalhar confiança: “More Specifically they can kiss my ass hole / I’m an asshole? You niggas got jokes”. E é Kanye a dar-nos clássicos instantâneos como “Dark Fantasy”, “Power”, “Monster” e “Runaway”.

Kanye's not the West. Kanye’s the Best.

9/10

Canções do Ano - Parte 12

Todos os dias, até Janeiro, a Unidade vai publicar três daquelas que considera serem as melhores canções do ano. Hoje: Of Montreal e Charlotte Gainsbourg.


Atmosphere - Freefallin'


Mavis Staples - You're Not Alone


Cee-Lo Green - Fuck You

domingo, 5 de dezembro de 2010

Os Tame Empala metem-nos a cabeça a andar à roda

Eis o novíssimo vídeo dos Tame Empala, o que dá imagem a "Expectation". Nele, temos os Tame Empala a colocarem-nos a cabeça a andar à roda enquanto tocam.

[Reportagem] Super Bock em Stock - 2º Dia


Ao segundo dia, a Avenida foi delas, das mulheres - de Maria Gasolina, mas, principalmente, de Janelle Monáe - fantástica, impressionante, imparável. Mas comecemos por Nuno Prata. Acompanhado por dois músicos, o ex-baixista dos Ornatos Violeta apresentou, no Cabaret Maxime, as canções de Deve Haver, o segundo disco a solo em que a guitarra acústica abraça as letras bem medidas e cuidadas.

Ouvimos quatro ou cinco canções e vemo-nos obrigados a subir à Sala 1 do São Jorge, onde os Junip de Jose Gonzales já tocavam canções pastorais. Era um dos concertos mais aguardados - sala cheia, à hora de início - e, talvez por isso, um dos que mais defraudou expectativas. Gonzales de guitarra em punho, vários instrumentos de percurssão e uma folk bonita, mas pouco encantatória.

Por esta altura, os Batida já caminhavam para o fim uma actuação seguramente explosiva, pelo que se tornava imperativo atravessar a estrada e entrar no Tivoli para arranjar um bom lugar - aproximava-se a hora de início do concerto de Janelle Monáe.

Fomos avisados: "Hoje vai fazer-se história!", disse-nos um dos membros do espectáculo teatral da artista. E fez-se. Janelle Monáe é artista de estúdio, mas também de palco. Dança, esperneia, salta, canta, representa e, mais que um concerto, oferece uma experiência. Algo para mais tarde recordar. Começou tal como no início do fabuloso ArchAndroid: Com "Suite II Overture", "Dance or Die", "Faster" e "Locked Inside". Atirou-se a "Smile", a canção favorita do Rei Michael Jackson e, antes do encore, entrega-nos os singles perfeitos que são "Cold War" e "Tighrope". Entretanto, à imagem de um concerto dos Flaming Lips, já tinhamos sido presenteados com confetes e balões. No encore, o momento da noite: "Come Alive", a canção mais incendiária de ArchAndroid, é apresentada e Monáe não poupa os pulmões e muito menos as pernas. Canta e dança em palco, junta-se ao público com "La La La's" em perfeita sintonia e, por fim, corre para palco, deita-se no chão, volta a dançar e a espernear para sair a correr de um palco que mais parece um manicómio. Santa maluqueira! Concerto do ano.

Com o cancelamento de Fujiya & Miyagi, à hora do fim do concerto de Monáe, já sou havia música no Maxime. A escolha desta vez era, portanto, óbvia. Maria Gasolina, ex-voz dos Bonde do Rolé aparece toda ela "garageira", para um concerto também ele explosivo. Já que superar hiperactiva Monáe era impossível, Gasolina contentou-se com o segundo lugar e ofereceu um fim de festa entusiasmante com muito rock n' roll e uma cover de "TNT" dos AC/DC à mistura. Sim, confirma-se: elas domina(ra)m!

Nota: A fotografia não corresponde ao concerto em questão.

sábado, 4 de dezembro de 2010

[Reportagem] Super Bock em Stock - 1º dia

Já o tínhamos referido antes – o Super Bock em Stock marcou reencontros e regressos às origens que se previam entusiasmantes. O regresso dos Wavves à garagem e o retorno de Jorge Palma ao metropolitano, por exemplo. Kele partiu a loiça toda no Tivoli. Owen Pallett não foi mais que agradável e B Fachada com (pouco) Sérgio Godinho foi bonito qb.

Primeiro Jorge Palma. Num espaço mínimo e acompanhado apenas de uma guitarra acústica e um piano, Palma, que já tem muitos anos disto – fruto da ida para Paris, no final da década de 70, onde tocava no metro local – defende que no seu tempo isto não era assim. É bem provável, duvidamos que Palma tivesse aquele público de perder de vista e que se estendia por uns largos metros. Assistimos a cinco canções porque, entretanto, Owen Pallett já tocava no Tivoli.

Sozinho em palco, o canadiano que fez arranjos para os três perfeitos discos dos Arcade Fire, gozou do factor intimista. Acompanhado apenas pelo seu fiel instrumento de eleição, o violino, por teclados e um laptop, Pallett não nos conseguiu prender o suficiente para atrasarmos a visita a B Fachada e Sérgio Godinho, no outro lado da rua, na Sala 1 do São Jorge.

Chegámos atrasados ainda assim, mas a tempo de assistir à grande novidade deste concerto de Bê: Sérgio Godinho. Duas canções apenas, mas duas senhoras canções num cruzar de gerações que esgotou a sala. De cábula na mão, Sérgio Godinho apresenta-se, canta e, no fim, passa as luzes da ribalta de novo ao Bernardo - que apresentou umas poucas canções do novo B Fachada é para Meninos. Foi bonito.

Atravessamos de novo a Avenida, porque a Sala 2 do São Jorge apresenta uma fila até mais não e aproveitamos para guardar lugar para Kele – que promete esgotar o Tivoli. Foi um grande, grande concerto do vocalista dos Bloc Party – que assim podem descançar em paz. De vestuário desportivo e chapéu na cabeça, o músico cantou, dançou, correu, saltou, empuleirou-se numa das cadeiras do Tivoli e mostrou que estas canções – algumas delas entusiasmantes – cabem em qualquer lugar. Basta haver vontade e confiança – Kele tem de sobra. E até deu tempo para um medley de canções da sua outra banda. Teria sido o concerto da noite, não tivessem os Wavves oferecido uma explosiva descarga eléctrica, minutos depois. Prescindimos do encore de Kele para tentar assistir ao que ainda faltava, segundo o horário, de Zola Jesus – ao que parece, o concerto desta menina do gótico acabou mais cedo. É pena. Hora de subir ao Parque de Estacionamento do Marquês de Pombal.

Encontramos um duo formado por um rapaz e uma rapariga em cima do palco. Ela canta e atira-se aos sintetizadores, ele avança com descargas eléctricas que saem da sua guitarra, carregada de distorção. Em palco, parecem uns Beach House muito menos fofinhos, mas mais virais. Parecem interessantes, mas o tempo não deu para perceber muito bem o que valem estes The Hundred in the Hands.

Entram os Wavves e voltamos todos a ter 18 anos, durante cerca de 45 minutos. Mosh e crowdsurf foram práticas comuns num concerto intenso e explosivo – como há muito não assistíamos. Os Wavves, donos de um dos discos mais marcantes deste 2010, atiram-se ao punk, ao rock garageiro, aos três acordes, ao grunge dos Nirvana e de uma data de bandas “self-destructive” para, no fim, nos mandarem para casa com um sorriso nos lábios. Vimos miúdos a voar como se achassem que, naquele momento em que estão mais alto do que os outros todos, fossem maiores. E isto tudo, ao mesmo tempo que cantavam letras como “But I Feel Stupid! Stupid! Stupid!” ou “I’m not Suposed to be a kid, but i’m an idiot!” ou ainda um esclarecedor “Would you understand, that i’m just having fun”. Esta última frase resume tudo. Foi divertido, rápido e um dos concertos do ano. Que ninguém duvide: vão voltar em breve.

Nota: A fotografia não pertence ao concerto em questão.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

[Escuta] Soundcheck 02

Soundcheck número dois. Destaque para o concerto dos Deftones, o regresso dos James e a actuação dos Wavves, hoje, no Super Bock em Stock.

SOUNDCHECK 02 by Pedro Arnaut

Esta noite os Wavves regressam à garagem

Poucas dúvidas restarão relativamente ao facto de Dezembro ser o mês mais negligenciado de um ano musical. São 31 dias em que tudo pode acontecer, tal como nos outros 11 meses que constituem um ano, mas a tendência é ficar de fora de balanços anuais. Dezembro de 2010 já não entra para as contas. Tendo em conta que hoje e amanhã acontece o Super Bock em Stock (SBES), o evento de Inverno mais relevante do calendário nacional, sentimos-nos no direito de o escrever: As listas de melhores do ano cá do burgo são uma grande treta.

Como deixar, por antecipação, de fora desses ditos balanços o regresso dos Wavves às origens - neste caso, a Garagem Vodafone ou, se quiserem, o Parque de Estacionamento do Marquês de Pombal? Como deixar de fora a estreia de Janelle Monáe em Portugal, quando a cantora/dançarina/entertainner trás um dos discos mais desafiantes do ano? Estes são os dois concertos que prometem marcar a edição número três do SBES, mas há mais. Há Fujiya & Miyagi e o seu rock dançável, mui sexy que por vezes nos trás o balanço de uns Chk Chk Chk não ao cérebro, mas à anca - ou às duas coisas em simultâneo. Há I Blame Coco e a sua pop dançável via Robyn - com quem tem um dueto ("Caesar"). Há The Shoes, um duo pop fran cês que usa e abusa do falsete. Há um encontro de duas gerações com B Fachada e Sérgio Godinho - em actuação conjunta -, mas também com Jorge Palma, Márcia, Pinto Ferreira, Domingo no Quarto, Nuno Prata e Linda Martini - em locais, dias e horas separadas. Há o gótico segundo Zola Jesus, Kele a brincar às electrónicas fora dos Bloc Party e Owen Pallett a mostrar que há vida para lá da colaboração com os Arcade Fire. Há isto tudo em dois dias que fazem da Avenida da Liberdade o melhor sitio do mundo para se estar hoje e amanhã, entre as 20h e as 3h. Em baixo, um pequeno aperitivo para aquilo que nos espera hoje, quando os Wavves, voltamos a lembrar, regressarem às origens - numa garagem chamada Vodafone.

Canções do Ano - Parte 11

Todos os dias, até Janeiro, a Unidade vai publicar três daquelas que considera serem as melhores canções do ano. Hoje: Of Montreal e Charlotte Gainsbourg.


Of Montreal - Coquet Coquette


Charlotte Gainsbourg - Le Chat Du Café Des Artistes


Charlotte Gainsbourg - Heaven Can Wait

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Los Campesinos oferecem nova canção

Ninguém quer comprar as canções dos Los Campesinos? Então eles dão-nos música à borla! Segundo a própria banda, ninguém comprou o single de "Romance is Boring" e, como tal, os Los Campesinos dão "Too Many Flesh Suppers" gratuitamente - logo, a banda conclui o post no seu blog com um "somos boas pessoas". Confere.

Canções do Ano - Parte 10

Todos os dias, até Janeiro, a Unidade vai publicar três daquelas que considera serem as melhores canções do ano. Hoje: Antony and the Johnsons, The Thermals e The Twillight Sad.

Antony and the Johnsons - Thank You For Your Love



The Thermals - I Don't Believe You



The Twillight Sad - Thw Wrong Car

A nova de PJ Harvey é bem bonita

O novo álbum de PJ Harvey é uma das mais ansiadas edições do primeiro trimestre de 2011 – Let England Sake sai para as lojas no dia 14 de Fevereiro. Para já, podemos entreter-nos com “Written on the Forehead”, a bem bonita nova canção de Harvey.

Written On The Forehead by pjharvey

[Crítica] Weekend - Sports

Sentimos a tenção a aumentar, as guitarras a rasgar e as vozes no fundo de um túnel que são quase como que um murmúrio. Sports, a estreia dos Weekend, é um sonho desfocado – as vozes são quase imperceptíveis e as guitarras barulhentas.


Shoegaze e noise são para aqui chamados. Joy Division, Jesus & Mary C hain, Sonic Youth e My Bloody Valentine também. Os Joy Division, ou antes, Ian Curtis, estão na voz de Shaun Durkan, que é também o baixista dos Weekend. Os Jesus & Mary Chain e os My Bloddy Valentine estão no feedback e na distorção saídos das guitarras de Kevin Johnson.


Vindo de várias bandas hardcore – óptima escola para qualquer aspirante a uma carreira musical -, o trio de São Francisco formou-se há apenas um ano. Nesta estreia sentimos o Damon Albarn dos discos mais desafiantes dos Blur ou a aura de uns negríssimos Black Rebel Motorcycle Club. Em “Comma Summer” são épicos, em “Youth Haunts” claustrofóbicos e em “Monongah, WV” vão beber directamente ao punk. Em “End Times” temos um dos momentos pop mais brilhantes do ano.


8/10