domingo, 31 de outubro de 2010

[Crítica] Black Mountain - Wilderness Heart / The Black Keys - Brothers

Dois discos interessantes de dois projectos que não se preocupam minimamente em voltar a inventar a roda. Os Black Keys levam vantagem, mas os Black Mountain voltam a não ficar mal na fotografia.


Ao ouvir Wilderness Heart dos Balck Mountain, não conseguimos imaginar melhor banda sonora para uma viagem numa estrada deserta em direcção a nenhures. Ou se calhar até imaginamos - Songs For the Dead, dos Queens of the Stone Age. Wilderness Heart é, portanto, a segunda melhor banda sonora para uma viagem numa estrada deserta em direcção a nenhures. O disco perfeito para ouvir na estrada.

A face mais visível da banda, o duo composto por Steve McBean e Amber Webber - são deles as vozes que ouvimos nos álbuns dos Black Mountain - andou ocupada desde 2008. McBean com os Pink Mountaintops - há uma inegável tendência para as alturas - e Amber Webber com os Lightning Dust. Com Wilderness Heart, o terceiro trabalho da banda de Vancouver, já não temos jams psicadélicas intermináveis, mas continuamos a suspirar pelos anos 70, os setentas dos Led Zeppelin ("Roller Coaster" e "Wilderness Heart"), mas também dos Black Sabbath ("Let Spirits Ride"). Sim, a receita é, mais coisa menos coisa, a mesma dos Wolfmother.

Para Wilderness Heart, os Black Mountain chamaram dois produtores: D. Sardy e Randall Dunn. O primeiro é responsável por discos de gente tão recomendável como LCD Soundsystem, Spoon e até os Rolling Stones. O segundo é o obreiro por detrás de discos de Sunn O))) e Boris. A forma como os dois mundos surgem aqui conjugados surpreende - não notamos aquilo que um toca e o outro mexe. Um dia, Wilderness Heart poderá ser conhecido pelo "disco da capa do tubarão" e será, concerteza, bom sinal.


Um disco que sucede a um outro que tem o dedo de Danger Mouse, só pode ser um disco difícil. Brothers sucede a Attack & Release e supera a prova com distinção. Brothers não é tão bom como Attack & Release. Brothers é melhor que Attack & Release. E Danger Mouse só mete o dedo numa canção, "Tighten Up", curiosamente o momento alto do disco.

Desde o último álbum só passaram dois anos, mas houve tempo para Dan Auerbach se lançar a solo com Kip it Hid e para o projecto Blakroc, ou seja, os Black Keys a aventurarem-se em terrenos que não os seus: o hip hop. Pois bem, deve ter sobrado algum tempo para pensar no futuro e criar o melhor disco de sempre. Seja quando atiram propositadamente ao lado em canções como “Everlasting Light”, “The Only One” ou a fantástica “Never Gonna Give You Up” – todas elas cheias de falsetes e a marcar a diferença relativamente ao que estávamos habituados.

Pode-se dizer que os Black Keys são a versão sexy dos White Stripes – todos eles blues-rock e folk, mas com os teclados a apontar para um outro caminho, a tal faceta sexy que não se pede ao génio de Jack White, até porque o homem da Third Man Records não há-de querer saber das miúdas que o duo de Ohio canta.

É o melhor disco que Dan Auerbach e Patrick Carney já gravaram juntos e, não, não foi preciso inventar a roda.

Wilderness Heart – 6/10
Brothers – 8/10







sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Farto de fatiotas de vampiro?

Celebrado entre os dias 30 de Outubro e 2 de Novembro, o Halloween é evento anual em que o mais importante é ser-se o mais original. As mais que gastas fatiotas/máscaras de vampiros - agora, de certo, na moda -, fantasmas, lobisomem, Joker e até Darth Vader dão agora lugar a estrelas indie como os Arcade Fire ou grandes génios pop como Morrissey e Nick Cave. Os curiosos adereços podem ser vistos aqui em baixo. Alguém quer ser Win Butler por um dia?



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Wavves, B Fachada + Sérgio Godinho e Linda Martini fecham SB em Stock

Grandes novidades para o cartaz do maior evento deste último trimestre de 2010: Wavves, B Fachada & Sérgio Godinho, Linda Martini entre muitos outros nomes estão confirmados no cartaz do Super Bock em Stock - 3 e 4 de Dezembro, na Avenida da Liberdade. Uns são autores de alguns dos discos do ano, outros são nomes que urge conhecer. Dos nomes agora confirmados, destaque para os Wavves, donos de um dos discos do ano, King of the Beach. Punk, outrora lo-fi, cheio de vontade de mudar o Mundo nem que seja através da conversão dos antigos fãs de bandas como os Blink 182 ou os Greenday. Já B Fachada editou há poucos meses um dos discos nacionais deste ano, Há Festa na Moradia, mais uma pequena obra de arte do jovem cantautor. Esta é uma actuação especial para Bernardo que se apresenta na companhia de Sérgio Godinho. O motivo? Uma canção intitulada "Os discos do Sérgio Godinho" - prevê-se memorável. Por seu lado, os Linda Martini apresentam Casa Arrumada, o mui aguardado novo disco que, a avaliar pelas duas amostras, promete. Também os Domingo no Quarto e muitos outros projectos que urge descobrir se juntam aos já confirmados Janelle Monáe e Owen Pallett.






segunda-feira, 25 de outubro de 2010

[Reportagem] Klaxons - Musicbox - 24 de Outubro

Logo que o concerto foi anunciado para o Musicbox insurgiu-nos uma questão: como podem tantos fãs caber num espaço que permite a entrada de pouco mais que duas centenas de pessoas? Resposta simples: Não cabem. Afinal, já dizia o outro: quanto menos pessoas estiverem, mais histórico se torna o concerto. E a actuação dos Klaxons no Musicbox, no dia 24 de Outubro deste 2010 foi isso mesmo, histórica. E não, não entrou toda a gente.

Na primeira parte estiveram os Dusk at the Mansion, duo composto por Ricardo Mestre e David Costa que desta vez se apresentou com uma surpresa, uma violoncelista convidada que garantiu uma sonoridade singular à banda. De resto, notam-se, acima de tudo, as influências dos Kraftwerk nas vozes digitalmente manipuladas. O critério da escolha ainda está por desvendar, pois o público dos Klaxons também pode ser o público dos medíocres Metro Station, banda infanto-juvenil que tem feito furor na série infanto-juvenil Morangos com Açucar – não estamos a atirar para o ar, foi uma das canções mais celebradas à entrada, canções com que o DJ de serviço tentava animar as hostes.

Finalmente os Klaxons. O novo álbum é infinitamente inferior à entusiasmante estreia, mas, ao vivo, as novas canções ainda sobrevivem. Abriram com “Atlantis to Interzone” e conquistaram uma audiência já rendida a seus pés. Instalou-se o caos, uma loucura muito pouco controlada que dificultou o trabalho dos fotógrafos ao máximo – até houve lugar a algum crowd surf, logo à segunda canção. O Musicbox estava a pinha, mas nem por isso os fãs se intimidaram. Canções como “Gravity’s Rainbow”, “Golden Skans”, “Two Receivers”, mas acima de tudo, “Magick” contaram com, pelo menos, o triplo do entusiasmo das canções de Surving the Void, à excepção do primeiro single, “Echoes”. As palavras foram poucas, ouvimos algo como um “Lisbon, it’s hot and it’s fun, thank you”. As canções surgiram, ao longo de uma hora, com encore incluído. No dito encore ouvimos “It’s Not Over Yet” e notamos que o som está demasiado alto e os ouvidos chegam a sofrer.

Foi um concerto histórico. Histórico pelas condições em que se realizou. Reparámos nalgum desleixo por parte da organização na escolha do local. Notámos que a Rua Nova do Carvalho não estava preparada para receber um evento destas proporções. Muitos dos jovens que estiveram no local estiveram no Musicbox pela primeira vez. É um dos melhores espaços musicais de Lisboa, mas em eventos menos gigantes.
Nota: A foto não corresponde ao concerto em questão.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

The National confirmados em Lisboa e no Porto

Depois do magnifico concerto no Super Bock Super Rock, os National regressam em 2011, para dois concertos em Portugal - um no Coliseu do Porto, dia 23, e outro no Campo Pequeno, em Lisboa, no dia seguinte. A Unidade, só desta vez, poupa os elogios à banda de Matt Berninger e deixa cinco boas... grandes... óptimas razões para voltar a ver a banda de High Violet ao vivo.

1 - "Fake Empire", no Letterman - Os National tinham acabado de editar Boxer, obra maior que os tornou na maior banda de culto do Mundo. Para a mini-actuação no Late Show levaram sopros e outros adornos. Isto em 2007.


"Start a War" - Também de Boxer, talvez a melhor canção do álbum. Há uma tensão que se constrói, mas nunca explode. Uma obra-prima.


"Bloodbuzz Ohio" - É a grande responsável pelo sucesso comercial do novo disco, esse fantástico High Violet. E o melhor é que é tão boa como as outras. Um clássico instantâneo.


"Afraid of Everyone", no Letterman - Os National voltam ao Late Show, mais velhos e de costas quentes - Sufjan Stevens acompanha a banda nos coros.


"Conversation 16" - De High Violet, é a canção OVNI do último disco dos National e prova que mesmo arriscando outros terrenos, os National saem sempre bem na fotografia. É maravilhosa.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

[Reportagem] Prima Donna - 12 de Outubro - Musicbox


Os Prima Donna estiveram no Musicbox para um concerto que, bem suado e somado, acaba com balanço claramente positivo. Estive lá pela Rua de Baixo e a reportagem pode ser lida aqui.

[Vídeo] The National - Terrible Love

O segundo vídeo extraído de High Violet, disco maravilhoso, o quinto dos The National, dá imagem a "Terrible Love". É o tipo de material que estamos habituados a ver num DVD documentário que se debruça numa digressão. E qualquer pretexto é um bom pretexto para voltar a ouvir esta canção - estes coros têm que ser o momento mais bonito de mais um dia em que este nosso destroçado país nos volta a deitar a baixo. Dia a dia, os National cá estarão para nos continuar a dar mais cinco minutos da sua maravilhosa existência.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ingenuidade e pieguice no novo vídeo dos Best Coast

Piegas e ingénuo? Sim, os Best Coast mantém, no seu segundo vídeo, o de "Boyfriend", as premissas de Crazy For You, a mais bela inconsequente estreia discográfica de 2010. Sem truques - ela só quer a porra de um namorado!

domingo, 17 de outubro de 2010

[Crítica] The Hold Steady - Heaven is Whenever / The Gaslight Anthem - American Slang

Ele diz que nos anos 90, os anos em que ele e a E Street Band estiveram parados, são anos de seca no que ao seu legado diz respeito. Ele, Bruce Springsteen, o Boss, e a sua E Street Band regressam em força nos anos 00 e lá surgem bandas capazes de prolongar esse seu legado: The Hold Steady e The Gaslight Anthem.

Não é difícil perceber o porquê de a crítica internacional estar a receber o quinto disco dos Hold Steady de forma mais fria - duas razões chegam para o justificar. Um: a saída do teclista Franz Nikolay é desculpa perfeita para referirmo-nos a Heaven is Whenever como um álbum de transição. Dois: sem que isso fosse referido directamente, os discos dos Hold Steady tinham um propósito e um objectivo que normalmente vinha desde logo escarrapachado no título - em 2006, com Boys and Girls in America, diziam na magnifica faixa título que os "Boys and girls in America, they've a sad, sad time together". Vivíamos os anos Bush e a afirmação fazia todo o sentido. Em 2008, editam Stay Positive e Obama sucede a Bush e surge uma nova esperança. Com este Heaven is Whenever vai-se o conteúdo político mais óbvio e contam-se as histórias adolescentes, histórias que podiam ter surgido nos primeiros anos.

Craig Finn continua a ser um Messias, um verdadeiro líder, alguém com capacidade de, com a sua palavra, comandar uma geração, fazer um bando de miúdos mexer-se e lutar por uma causa, seja essa causa uma miúda ou o raio de uma guerra injusta e sem sentido. No fundo, os Hold Steady são hoje um conjunto de quatro Nerds (sem conotação negativa) que têm Bruce Springsteen como inspiração maior e os Clash como inspiração menor. Regressam de dois em dois anos e gostam de nos lembrar como era aborrecido o tempo em que ainda não tinham uma banda. A receita é simples: um bom riff mais uma boa letra recitada com a intensidade que a de um vulcão que acabou de explodir em lava. Não há aqui nenhum riff como o da imortal "Boys and Girls in America", mas "Rock Problems" anda lá perto.

Os The Gaslight Anthem, no que diz respeito ao Boss, estão em vantagem relativamente aos The Hold Steady - a banda de Brian Fallon actuou com Bruce Springsteen na edição 2009 do mítico Glastonbury, com uma memorável performance de "59 Sound". Ou seja, Bruce Springsteen apadrinhou os seus fieis e, sim, 59 Sound, o disco, justificava-o.

Agora, ao terceiro disco, a banda de New Jersey mantém grande parte das premissas do anterior registo, mas com muito menos brilho. Vai do punk aos blues com uma sensibilidade melódica que permite criar hinos de estádio como "Bring it on", " The Diamond Church Street Choir" ou "American Slang", esta última de longe a melhor canção do álbum. "Old Haunts" obriga-nos a uma breve pesquisa a fim de verificar que esta não é uma participação especial do Boss, mas sim Fallon a aproximar-se como nunca do registo vocal de Springsteen.

Os The Gaslight Anthem de American Slang voltam a cantar a América, tal como o seu grande ídolo e influência. O problema é que as canções raramente nos chamam a atenção - são cuspidas com muita urgência, mas sem um gancho capaz de nos fazer lembrar os bons tempos de 59 Sound.

The Hold Steady - Heaven is Whenever - 7/10

The Gaslight Anthem - American Slang - 4/10

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Antony & The Jonhsons e Kazuo Ohno, outra vez

Antony & The Johnsons? Check! Kazuo Ohno? Check! Sim, é mais um vídeo do autor de I am a Bird Now e, se para uns a obsessão já começa a fartar, para outros, o simples facto de estes dois nomes fazerem parte de um mesmo objecto já é sinal de obra-prima. A música é, como sempre, óptima.

domingo, 10 de outubro de 2010

[Reportagem] Dolphins Into the Future - 30 de Setembro - ZdB

Estive na ZdB, a representar a Rua de Baixo, para reportar o curto concerto de Dolphins Into The Future, o projecto de um homem só. A reportagem pode ser lida aqui.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Janelle Monáe confirmada no Super Bock em Stock

Agora que o entusiasmo deu lugar à ansiedade, já o podemos anunciar: Janelle Monáe, autora de um dos discos maiores deste ano, ArchAndroid, vai estar na 3ª edição do Super Bock em Stock, em Lisboa. O grande acontecimento dá-se a 4 de Junho e o evento ainda não conta com confirmações oficiais. Em baixo podem ver e ouvir "Cold War", um hino, um clássico, a canção do ano. Janelle Monáe vem a Portugal! Afinal o entusiasmo ainda não deu lugar à ansiedade... Uuuuhuuuuuuh!