terça-feira, 29 de março de 2011

O South By Southwest em vídeos #2

Mais melhores momentos do South By Southwest. Por melhores momentos entendam-se as bandas que realmente interessam e com um mínimo de qualidade de imagem. Hoje vamos do "H" ao "S". James Blake, Memoryhouse (a tocar para crianças invisuais), Odd Future e Queens of the Stone Age.

James Blake


Memoryhouse


Odd Future


Queens of the Stone Age

[Reportagem] Glockenwise + Pega Monstro - 25 de Março - Musicbox


Não estava no programa, mas vimos subir ao palco duas meninas que juntas formam um duo chamado Pega Monstro - os anos 90, outra vez - e que à imagem das Bellenden Ker que vimos no Offbeatz há alguma semanas, vão beber directamente ao movimento riot-grrrl dos finais dos anos 80 e início dos anos 90. Muito pouca coisa faz sentido nestas Pega Monstro. Nada contra o facto de não saberem mais do que três acordes - alguma da mais entusiasmante música do final da década de 70 (e não só) fundou bases nessa premissa. O que não faz sentido é que as Pega Monstro peguem nos ideais punk para criar uma outra coisa, uma coisa forçada, incoerente e, a certa altura, insuportável. Desabafos como "Estou bueda nervosa, estou a tremer" retiram qualquer tipo de credibilidade a um projecto puramente lúdico e nomes de canções como "Macaco" em que uma frase se repete várias vezes até ao fim, soam forçadas. Por fim, qual é o propósito de um grito digno de um filme de terror que sai da boca da vocalista já no final da actuação? O bom não pode ser mau, mas o mau pode ser bom. Não é o caso.

Com os Glockenwise a conversa é bem diferente. Vêm de Barcelos - cidade que já não é só o galo - e trazem um rock garageiro, com canções sobre miúdas e outras coisas. Na bagagem têm um muito recomendável ep que apresentaram na integra, no Musicbox. Muito suor, muita energia, muito e bom rock n' roll. À medida que a actuação avança, mais certezas temos de que estamos a assistir a um concerto histórico - não interessa se estão 40 pessoas no Musicbox, até porque como disse Tony Wilson em 24 Hour Party People, quanto menos público, mais história se faz, ainda para mais quando nesse público estão Nick Nicotine e Luís Gravito (Cão de Morte).

Houve mosh, crowd-surf e guitarras desafinadas: "perdi o transformador", diz o vocalista Nuno - não levamos a mal, faz parte e tempera o ambiente - aprendam Pega Monstro. Quase no fim, flusa, o baixista, que enverga uma t-shirt do Milhões de Festa, acaba a esfregar as mãos nas calçãs tão suado que estava. Acabaram à Beatles de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, a gritar "goodbye". A pequena plateia pedia mais. A resposta: "Não temos mais canções... só se repetirmos uma. Vamos repetir uma". Assim foi. Uma festa.

A foto não pertence ao concerto em questão

domingo, 27 de março de 2011

O South By Southwest em vídeos

Hoje e nos próximos dias, vamos colocar neste blog alguns dos melhores momentos do South By Southwest. Por melhores momentos entendam-se as bandas que realmente interessam e com um mínimo de qualidade de imagem. Hoje vamos do "A" ao "G". Bright Eyes, Curren$y, o motim no concerto dos Death From Above 1979 - não se deixem enganar pelo título do vídeo, a banda não tem culpa - e Foo Fighters.

Bright Eyes


Curren$y


Death From Above 1979 - O motim


Foo Fighters



quinta-feira, 24 de março de 2011

[Reportagem] Cut Copy - 23 de Março - Coliseu dos Recreios

Tarefa difícil a de MAD.MAC – fazer no início aquilo que costuma acontecer no fim –, abrir para os Cut Copy com um DJ Set. Inteligente a forma como fez o rock independente dar o braço à electrónica mais hormonal. Ouvimos, por exemplo, os óptimos Franz Ferdinand e os menos bons Gossip algures no meio. Quando MAD.MAC terminou o set já se davam os últimos retoques nos instrumentos da grande atracção da noite.

Não foi necessário um grande intervalo de espera – uns incomuns 15 minutos, mais coisa menos coisa - para assistir à entrada em palco dos australianos Cut Copy. Eles que vêm do mesmo país que os AC/DC, Howling Bells, Wolfmother e Nick Cave, mas que são uma outra coisa. Eles que ao segundo disco, In Ghost Colours, já de 2008, representavam uma lufada de ar fresco quando cruzavam o rock e a electrónica de forma eficaz. Eles, os Cut Copy, tinham-se tornado naquilo que os Hot Chip sempre aspiraram e naquilo que os Killers gostariam de se ter tornado.

Vamos ao concerto – sala bem composta, plateia entusiasmada e com vontade de fazer aquilo que realmente importa num concerto dos Cut Copy (dançar) e uma banda determinada em participar na festa (dançar e fazer dançar). As guitarras ora são destorcidas, ora são gingonas, o baixo aponta directamente para a anca e as batidas são secas à New Order (a grande influência dos australianos). Mas isto não resultaria se não tivéssemos canções, canções como a extraordinária “Lights and Music” e o seu inesquecível baixo ou o excelente primeiro single do novo disco (Zonoscope), “Need You Now” que, claro, transpira New order por todos os poros. Mas o momento da noite estava guardado para a altura em que Dan Whitford, o vocalista, pergunta à plateia se esta estaria pronta para saltar e dançar. Ao sinal afirmativo do público, a electrónica que, até aí, tinha sido atinada e bem comportada, torna-se pesada e indisciplinada. Nada contra. Olhamos para o palco e somos ofuscados pela quantidade de luz que vem do mesmo, mas conseguimos perceber que Whitford está aos saltos, Tim Hoey a cuspir a água que acabou de meter levar à boca e, ao nosso lado, o público está todo aos saltos. Cai, por fim, “Hearts on Fire” e, claro, temos direito a novo momento de loucura generalizada, um dos últimos da noite.

Quem lá esteve diz que no Lux, há dois anos, é que foi. Nós não estivemos no Lux, mas, a avaliar pelo que vimos ontem, a noite em Santa Apolónia deve ter sido histórica.

A foto não pertence ao concerto em questão.

quarta-feira, 23 de março de 2011

[Escuta] Soundcheck #08

O Soundcheck é um programa com cerca de meia hora semanal em que se fala e se ouve o que vai passar por Portugal nos próximos dias. O nosso programa sobre os concertos, na Rádio Autónoma.

Soundcheck - 22 03 11 by Pedro Arnaut

Soundcheck #8:

Manowar - Funeral March
B Fachada - Conselhos de Avô
Megadeth - Hangar 18
Slayer - Angel of Death
B Fachada - Tó Zé


sábado, 19 de março de 2011

A semana:

Depois de "Meyrin Fields", a faixa-título do anunciado ep dos Broken Bells - Danger Mouse + James Mercer (The Shins) -, a banda coloca à disposição "Windows", via NPR.

"Conversation 16", a melhor entre as melhores canções, de High Violet, o segundo disco dos National em absoluto estado de graça, já tem vídeo. É uma pequena desilusão e pode ser visto em baixo. Nunca mais é Maio!

The National



Nos vídeos, os Ponytail surgem com "Easy Peasy", um vídeo que surge da nossa perspectiva ocular, se usássemos óculos - atenção que uma coisa não implica necessariamente a outra. Por seu lado, os Menomena parodiam o Wrestling no vídeo de "Taos" e dão-nos uma certeza: os Led Zeppelin dançariam ao som destes tipos. Já "Apollo Throwdown", o novo vídeo The Go! Team, tem muito psicadelismo, malabarismo, formas geométricas, MC Ninja e sempre, sempre muita cor. Os Yuck investem numa imagem depressiva. "Get Away", o vídeo, tenta corresponder a essa imagem. De uma forma estranha, consegue-o. Por fim, Sims, rapper (mas muito mais que isso) responsável pelo menosprezado Light Out Paris, está de volta com Bad Time Zoo. "One Dimension Man" é o primeiro single. Regresso em grande forma? Pois claro.

The Go! Team - Apollo Thorowdown


Ponytail - Easy Peasy


Menomena - Taos


Yuck - Get Away


Sims - One Dimension Man


Os mestres do math-rock, esses mesmos, os Battles, têm nova canção. "Ice Cream" conta com colaboração vocal de Matias Aguayo e é óptimo pronuncio para o álbum que se avizinha - edição marcada para 7 de Junho.


Mos Def sabe brincar com as palavras. O rapper fez uma premiere da canção "World Premiere" - produzida por Madlib - na televisão.


A propósito, descobrimos isto... é apenas um número: 05272011:

He Didn't Want A Love Song from just a number 05272011 on Vimeo.

Depois de um ep menos bom, Higher Than Stars, os The Pains of Being Pure at Heart regressam com novo lp. Belong já pode ser ouvido aqui em baixo. Ainda não o ouvimos com atenção, mas, em termos qualitativos, pelo que nos apercebemos, deve estar entre o magnífico disco de estreia e o já referido ep.


Regresso de Game na companhia do grande Lil Wayne. "Red Nation" é um regresso em grande forma do outrora protegido de Dr. Dre.


Mark Lanegan -ex-Screaming Trees/Queens of the Stone Age, autor de colaborações com Isobel Campbell e uma infinidade de outras coisas, entre as quais o seu excelente disco a solo, Bubblegum, que já data de 2004 - tem música nova. Chama-se "Burning Jacob's Ladder".


Apontamento nacional para o fim. Já vimos vários óptimos vídeo neste projecto audiovisual - que tem obviamente pernas para andar -, mas o vídeo que saiu durante esta última semana, com Noiserv é mesmo uma pequena maravilha. "Botempi", tocada numa qualquer varanda da nossa Lisboa. Fantástico.

NOISERV - "Bontempi" from Tiago Pereira on Vimeo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

[Escuta] Soundcheck #7

O Soundcheck é um programa com cerca de meia hora semanal em que se fala e se ouve o que vai passar por Portugal nos próximos dias. O nosso programa sobre os concertos, na Rádio Autónoma.


Música:

Pink Floyd - "Another Brick in the Wall"
Cut Copy - "Feel the Love"
Cut Copy - "Lights & Music"
Glockenwise - "Go Song"
Pink Floyd - "Confortably Numb"

segunda-feira, 14 de março de 2011

[Crítica] James Blake - James Blake

Interessante a forma como o Dot Music começa por abordar o álbum de estreia de James Blake - depois de três eps que criaram um micro-fenómeno. Na mesma altura em que Mike Skinner - também já foi o maior, lembra-se? - diz adeus enquanto The Streets, Blake estreia-se com um disco homónimo em que a aclamação crítica e pública são unanimes. Ora, Skinner, no já longinquo ano 2002, apareceu vindo das ruas londrinas para criar uma nova linguagem à qual se convencionou chamar grime. Skinner enquanto The Streets era sinónimo de grime, era o primeiro nome que nos vinha à mente quando juntávamos as letras "G", "R", "I", "M" e "E". De Blake diz-se que pode estar a inagururar uma nova corrente estética - um pós-dubstep em que vozes manipuladas se fundem com os subgraves da linguagem londrina. Grime, Londres, dubstep, The Streets e James Blake - tudo certo.

James Blake, o disco, é composto por ecos, silêncios e um uso (e abuso) de efeitos vocais - auto-tune, reverb, vocoder, etc. É intenso, Blake mantém a voz sempre no limbo, voz essa que, diz o próprio que vai buscar influências a Joni Mitchell e Justin Vernon (mais conhecido por Bon Iver), mas que também assume semelhanças com o registo de Antony Hagarty (dos Antony and the Johnsons). De resto, a voz (ou a sua presença) é a grande novidade dos eps para o disco de estreia, um álbum orgânico e que pertence claramente a este tempo.

Entre as máquinas e o piano, James Blake, um puto de 22 anos, despe-se e coloca-se a jeito. Pós-dubstep? O tempo o dirá.

7/10


domingo, 13 de março de 2011

[Reportagem] Gogol Bordello - 6 de Março - Campo Pequeno


Quando chegamos à Praça de Touros do Campo Pequeno, a festa já é rija – os Che Sudaka, a banda responsável pela primeira parte de mais uma visita dos Gogol Bordello a solo nacional – é já a sexta -, tem os ingredientes certos para animar esta plateia. Influências latinas – Argentina e Colômbia são os países de origem dos membros da banda que reside em Espanha -, reggae e punk numa amálgama que se torna por vezes dançável e perfeita para uma plateia que precisa de aquecer.

Quando os Che Sudaka saem de palco sentamo-nos ao lado de um casal que junto faz, com toda a certeza, mais de um século de vida. As habituais cervejarias ambulantes passam a toda a hora – entre outros comércios como o das queijadas e o dos gelados - e um dos vendedores pára para servir o referido casal, mas a imperial sai mal tirada, com espuma a mais. Não há que ter vergonha - até porque, relativamente à idade, temos Sergey Ryabtsev em palco, o violinista dos Gogol Bordello que dá o exemplo. Quanto à cerveja, atente-se a toda a banda – as notas ao lado, a pronúncia terrível de Eugene Hutz e as canções que só sobrevivem ao vivo. Neste caso não importa se a cerveja foi mal tirada – importa sim, o facto de estar ali, disponível, pronta a ser tomada com calma ou entusiasmo.

Longe vão os tempos em que a banda de Eugene Hutz se apresentou em Paredes de Coura num concerto louco, mítico e para sempre lembrar. Em Portugal, as salas continuam cheias para os receber – esta foi a segunda vez em nome próprio, no Campo Pequeno -, mas a coisa vai esmorecendo com o passar do tempo. Já não sentimos aquela sensação de que tudo pode acontecer, porque já vimos tudo isto ao vivo, várias vezes. Em nome próprio e em festivais, vários. Impressiona, isso sim, a forma como estes miúdos enchem as salas de espectáculo, dia sim, dia não. Tudo por um bom momento, um escape à rotina diária em que são lançados, um futuro sem perspectivas, o caos de um mundo que os leva a reverem-se nos Gogol Bordello. Eles sabem que estes tipos não são a melhor coisa do mundo todos os dias, mas são-no naquele momento em que entram em palco e lançam temas imediatamente reconhecíveis como «Ultimate», «Wonderlust King» ou «Start Wearing Purple».

Existem bandas para as quais o verdadeiro teste é o espectáculo ao vivo. Com os Gogol Bordello, as coisas ficam de pernas para o ar, o teste é em estúdio e fora dele são favas contadas. Aliás, na última década, afamaram-se estas trupes capazes de criar momentos incríveis em palco. Se os Arcade Fire vão direitos ao nosso coração, os Gogol Bordello são saltimbancos, tipos de ar cool, cada um mais carismático que o outro e alegres foliões que contagiam plateias por esse mundo fora.

Mas importa trazer de novo à tona o factor “novidade”. E Eugene Hutz e companhia bem tentam variar o espectáculo: Pedro Erazo (infelizmente) ganhou protagonismo na banda – acaba por ser uma dispensável extensão de Eugene, mas sem carisma -, a adição de alguns elementos electrónicos e algumas palavras ditas em português (?) - coisas não muito didácticas, talvez ensinadas pelos Che Sudaka, como “Puta qui pariu”, “Trazemos música fodido bebedo style” e “caralho”). Para o fã isto será mais que suficiente, para o ouvinte casual, que já viu os Gogol Bordello uma infinidade de vezes, isto fica um pouco aquém.

No início do encore, com o regresso da banda ao palco, parecia que tinha tudo começado outra vez – mosh, crowdsurf, perucas de Carnaval aos saltos – e, no fim, os membros dos Che Sudaka juntam-se à banda, ou seja, ficam 13 indivíduos em palco - sem azares. A fórmula começa a cansar, é verdade, mas, ainda assim, os Gogol Bordello continuam a ser uma das bandas mais entusiasmantes do mundo, ao vivo, e foram, sem dúvida, a mais convincente proposta para este Carnaval. Tivesse sido a primeira vez e teria sido fantástico.

Fotografia de José Eduardo Real

Texto originalmente publicado na Revista Online Rua de Baixo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A semana:

Por falta de tempo e poucas horas de sono acumuladas, decidimos inaugurar uma nova categoria neste blog, "A semana" - nem para mais imaginação temos tempo -, em que se fará um resumo do que de mais relevante se passou durante os últimos sete dias.

E quão agitada foi a semana dos Strokes? Uma nova canção, "You're So Right", um novo vídeo para "Under Cover of Darkness" e uma passagem pela televisão, no Saturday Night Live para apresentar uma outra nova canção: "Life Is Simple In The Moonlight" e o single "Under Cover of Darkness". É verdade que os Strokes já há muito sairam do campeonato das bandas independentes, mas, ainda assim, quão pouco "cool" é aparecer ao lado da menina Miley Cirus? Os vídeos/mp3 estão todos aqui em baixo:

"Under Cover of Darkness"


"You're So Right":


"Under Cover of Darkness" no Saturday Night Live


"Life is Simple in the Moonlight" no Saturday Night Live


Danger Mouse não é tipo para se agarrar a um só projecto e, ainda que ande ocupado com o disco de estreia dos Rome (na companhia de Jack White e Norah Jones), faz o anúncio: vamos ter novo ep dos Broken Bells. No Myspace da banda já podemos ouvir "Meyrin Fields", uma das quatro canções.

Os Wu Lyf, que o site da FACT, versão portuguesa, confirma no Alive!, em Algés, anunciam que o álbum de estreia será editado no próximo dia 24 de Maio. Em baixo, o vídeo para "Split It Concrete Like The Colden Sun God":


De surpresa, tal como os Radiohead, surgiram os Arctic Monkeys. "Brick by Brick" é a muito recomendável nova canção do quarteto britânico que tem concerto marcado para o festival dos festivais deste Verão, o Super Bock Super Rock, que acontece entre o dia 14 e o dia 16 de Julho.


Lil Wayne está de volta e em grande forma. Finalmente fora da prisão e a trabalhar a sério - sem rock, guitarradas e urros escusados -, o rapper apresentou durante esta semana o vídeo para "6 Foot 7 Foot". Épico:

terça-feira, 1 de março de 2011

[Escuta] Soundcheck 06

O Soundcheck é um programa com cerca de meia hora semanal em que se fala e se ouve o que vai passar por Portugal nos próximos dias. O nosso programa sobre os concertos. Sextas e sábados, às três da tarde e dez da noite, respectivamente, na Rádio Autónoma.