quinta-feira, 24 de março de 2011

[Reportagem] Cut Copy - 23 de Março - Coliseu dos Recreios

Tarefa difícil a de MAD.MAC – fazer no início aquilo que costuma acontecer no fim –, abrir para os Cut Copy com um DJ Set. Inteligente a forma como fez o rock independente dar o braço à electrónica mais hormonal. Ouvimos, por exemplo, os óptimos Franz Ferdinand e os menos bons Gossip algures no meio. Quando MAD.MAC terminou o set já se davam os últimos retoques nos instrumentos da grande atracção da noite.

Não foi necessário um grande intervalo de espera – uns incomuns 15 minutos, mais coisa menos coisa - para assistir à entrada em palco dos australianos Cut Copy. Eles que vêm do mesmo país que os AC/DC, Howling Bells, Wolfmother e Nick Cave, mas que são uma outra coisa. Eles que ao segundo disco, In Ghost Colours, já de 2008, representavam uma lufada de ar fresco quando cruzavam o rock e a electrónica de forma eficaz. Eles, os Cut Copy, tinham-se tornado naquilo que os Hot Chip sempre aspiraram e naquilo que os Killers gostariam de se ter tornado.

Vamos ao concerto – sala bem composta, plateia entusiasmada e com vontade de fazer aquilo que realmente importa num concerto dos Cut Copy (dançar) e uma banda determinada em participar na festa (dançar e fazer dançar). As guitarras ora são destorcidas, ora são gingonas, o baixo aponta directamente para a anca e as batidas são secas à New Order (a grande influência dos australianos). Mas isto não resultaria se não tivéssemos canções, canções como a extraordinária “Lights and Music” e o seu inesquecível baixo ou o excelente primeiro single do novo disco (Zonoscope), “Need You Now” que, claro, transpira New order por todos os poros. Mas o momento da noite estava guardado para a altura em que Dan Whitford, o vocalista, pergunta à plateia se esta estaria pronta para saltar e dançar. Ao sinal afirmativo do público, a electrónica que, até aí, tinha sido atinada e bem comportada, torna-se pesada e indisciplinada. Nada contra. Olhamos para o palco e somos ofuscados pela quantidade de luz que vem do mesmo, mas conseguimos perceber que Whitford está aos saltos, Tim Hoey a cuspir a água que acabou de meter levar à boca e, ao nosso lado, o público está todo aos saltos. Cai, por fim, “Hearts on Fire” e, claro, temos direito a novo momento de loucura generalizada, um dos últimos da noite.

Quem lá esteve diz que no Lux, há dois anos, é que foi. Nós não estivemos no Lux, mas, a avaliar pelo que vimos ontem, a noite em Santa Apolónia deve ter sido histórica.

A foto não pertence ao concerto em questão.

2 comentários:

Luís de Aguiar Fernandes disse...

"Eles, os Cut Copy, tinham-se tornado naquilo que os Hot Chip sempre aspiraram"

Mas está tudo parvo?

Pedro Arnaut disse...

Porquê Luís?