sábado, 4 de dezembro de 2010

[Reportagem] Super Bock em Stock - 1º dia

Já o tínhamos referido antes – o Super Bock em Stock marcou reencontros e regressos às origens que se previam entusiasmantes. O regresso dos Wavves à garagem e o retorno de Jorge Palma ao metropolitano, por exemplo. Kele partiu a loiça toda no Tivoli. Owen Pallett não foi mais que agradável e B Fachada com (pouco) Sérgio Godinho foi bonito qb.

Primeiro Jorge Palma. Num espaço mínimo e acompanhado apenas de uma guitarra acústica e um piano, Palma, que já tem muitos anos disto – fruto da ida para Paris, no final da década de 70, onde tocava no metro local – defende que no seu tempo isto não era assim. É bem provável, duvidamos que Palma tivesse aquele público de perder de vista e que se estendia por uns largos metros. Assistimos a cinco canções porque, entretanto, Owen Pallett já tocava no Tivoli.

Sozinho em palco, o canadiano que fez arranjos para os três perfeitos discos dos Arcade Fire, gozou do factor intimista. Acompanhado apenas pelo seu fiel instrumento de eleição, o violino, por teclados e um laptop, Pallett não nos conseguiu prender o suficiente para atrasarmos a visita a B Fachada e Sérgio Godinho, no outro lado da rua, na Sala 1 do São Jorge.

Chegámos atrasados ainda assim, mas a tempo de assistir à grande novidade deste concerto de Bê: Sérgio Godinho. Duas canções apenas, mas duas senhoras canções num cruzar de gerações que esgotou a sala. De cábula na mão, Sérgio Godinho apresenta-se, canta e, no fim, passa as luzes da ribalta de novo ao Bernardo - que apresentou umas poucas canções do novo B Fachada é para Meninos. Foi bonito.

Atravessamos de novo a Avenida, porque a Sala 2 do São Jorge apresenta uma fila até mais não e aproveitamos para guardar lugar para Kele – que promete esgotar o Tivoli. Foi um grande, grande concerto do vocalista dos Bloc Party – que assim podem descançar em paz. De vestuário desportivo e chapéu na cabeça, o músico cantou, dançou, correu, saltou, empuleirou-se numa das cadeiras do Tivoli e mostrou que estas canções – algumas delas entusiasmantes – cabem em qualquer lugar. Basta haver vontade e confiança – Kele tem de sobra. E até deu tempo para um medley de canções da sua outra banda. Teria sido o concerto da noite, não tivessem os Wavves oferecido uma explosiva descarga eléctrica, minutos depois. Prescindimos do encore de Kele para tentar assistir ao que ainda faltava, segundo o horário, de Zola Jesus – ao que parece, o concerto desta menina do gótico acabou mais cedo. É pena. Hora de subir ao Parque de Estacionamento do Marquês de Pombal.

Encontramos um duo formado por um rapaz e uma rapariga em cima do palco. Ela canta e atira-se aos sintetizadores, ele avança com descargas eléctricas que saem da sua guitarra, carregada de distorção. Em palco, parecem uns Beach House muito menos fofinhos, mas mais virais. Parecem interessantes, mas o tempo não deu para perceber muito bem o que valem estes The Hundred in the Hands.

Entram os Wavves e voltamos todos a ter 18 anos, durante cerca de 45 minutos. Mosh e crowdsurf foram práticas comuns num concerto intenso e explosivo – como há muito não assistíamos. Os Wavves, donos de um dos discos mais marcantes deste 2010, atiram-se ao punk, ao rock garageiro, aos três acordes, ao grunge dos Nirvana e de uma data de bandas “self-destructive” para, no fim, nos mandarem para casa com um sorriso nos lábios. Vimos miúdos a voar como se achassem que, naquele momento em que estão mais alto do que os outros todos, fossem maiores. E isto tudo, ao mesmo tempo que cantavam letras como “But I Feel Stupid! Stupid! Stupid!” ou “I’m not Suposed to be a kid, but i’m an idiot!” ou ainda um esclarecedor “Would you understand, that i’m just having fun”. Esta última frase resume tudo. Foi divertido, rápido e um dos concertos do ano. Que ninguém duvide: vão voltar em breve.

Nota: A fotografia não pertence ao concerto em questão.

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