quarta-feira, 13 de abril de 2011

[Reportagem] Asian Dub Foundation - 29 de Março - Santiago Alquimista


Os Asian Dub Foundation são uma daquelas bandas dos anos 90 que quando confirma um concerto em Portugal, muitos de nós questionamos: “Estes tipos ainda existem?”. Sim, existem e ao que parece o último disco data de 2008 – alguém se apercebeu? – e o próximo é editado no decorrer de 2011.

Santiago Alquimista, 28 de Março, sala a meio gás, mas público bastante entusiasta. Entram o tipo que controla toda a maquinaria e o percussionista, Prithpal Rajput, mas a plateia só percebe que o concerto está a começar, quando soam os primeiros sons samplados. Entra a guitarra, ouvem-se sons tribais, entra o baixo, ouvem-se guitarras wah-wah e nesta fase o homem da electrónica é o mestre-de-cerimónias. Por fim, entram em cena os dois vocalistas da banda, um de pronúncia jamaicana, o outro de ascendência oriental.

A sonoridade é um verdadeiro melting-pot em que o rock, hip hop, drum n’ bass, reggae, reggaeton e electrónica dão as mãos. A banda chama o público para “sentir a energia” e fazem-se valer disso para oferecer uma actuação triunfante. Ao nosso lado ouvimos falar de Need For Speed ou Fifa 2004 – convém referir que os grandes êxitos dos Asian Dub Foundation pertenceram a bandas sonoras de clássicos dos videojogos.

No Alquimista vimos de tudo: foliões, metaleiros, desajeitados, hipsters com a barba por fazer – todos eles, quando a banda dedica uma canção aos tunisinos, aos líbios e… aos portugueses, reagem como se estivessem todos no mesmo barco, de forma efusiva.

Problemas: Um: pareceu-nos, durante quase hora e meia, que estávamos a ouvir sempre a mesma canção; Dois: os Asian Dub Foundation poderiam fugir ao cliché que é o uso de palavras como “Revolution”, “Power” e “Light” - ideias fortes, mas que se perdem neste tipo de manifestação vazia em que o álcool fala mais alto que o coração, tornando-as inúteis; Três: afinal de contas, isto já não soa – se é que alguma soou – refrescante. Isso percebe-se nas canções mais celebradas, como, por exemplo, «Flyover», que é um hit de péssimo gosto e puramente adolescente que se destina a estimular hormonas.

Nada a apontar ao espectáculo que foi, afinal de contas, triunfante. Mas, no fundo, os Asian Dub Foundation fazem lembrar os carros do Need For Speed. Óptimos para acelerar um à noite, demasiado berrantes para passear durante o dia.

Uma última nota às garrafas de vidro de cerveja que vimos passear pela sala. Já vimos as coisas correrem mal, por muito menos.


Fotografia: José Eduardo Real

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