sábado, 12 de fevereiro de 2011

[Crítica] The Decemberists - The King is Dead / Iron & Wine - Kiss Each Other Clean

Folk pastoral, as unhas enterradas de terra, dois bons conjuntos de canções. Melhor Decemberists que Iron & Wine.

Não há nada de incrivelmente revolucionário num conservador disco folk, mas quando cada uma das canções vale por si - todas maravilhosas -, esse exercício pouco importa. Fossem todos inventar a roda e os meninos do New Musical Express (quem?) não escreveriam aberrações como "pig ugly and cynical exercise" para descrever o último dos Decemberists.

The King is Dead, o título, é uma óbvia referência a The Queen is Dead, o terceiro disco dos Smiths de Morrissey e Johnny Marr. Só o título já prometia, diziamos nós há um par ou dois de meses neste mesmo blog a propósito do sucessor de The Hazards of Love, essa ambiciosa ópera-rock (passe a redundância) que podia ter destruido os Decemberists. Completamente falso. Colin Meloy regressa as origens e convoca Gillian Welch, fulcral cantora folk dos últimos anos, e Peter Buck, o guitarrista dos R.E.M. que dispensa apresentações. Normalmente depois de discos como The Hazards of Love sucedem-se discos tão ou mais ambiciosos - ficando no mainstream, em que é mais comum isto acontecer, veja-se os exemplos dos Muse e Greenday. Mas não, o sexto disco dos Decemberists mergulha na Americana e sai-se muito bem. Steel guitar e harmónicas compõe um cenário pastoral e canções como "Don't Carry it All", "January Hymn", "Down by the Water" e "This is why we fight" são de uma beleza constragedora. Não se esperem grandes revelações, é apenas mais um (belo) disco dos Decemberists. Afinal de contas, o rei (The Hazards of Love) morreu e podemos brincar um bocadinho enquanto não se arranja um sucessor. Podemos ficar para sempre assim?

Também os Iron & Wine do barbudo Sam Beam operaram um revolução com o último The Shepherd's Dog - Beam decidiu finalmente gravar com uma banda e disse adeus às gravações mais lo-fi. Kiss Each Other Clean seria, portanto, o disco da afirmação. Ermhh...

Há de quase tudo no quarto álbum de originais da banda de Sam Beam. Há pequenos apontamentos de electróncias, frequentes harmonias, sopros, coros doo-hop, guitarras wah wah, algumas referências africanas (já presentes no antecessor) e - aqui sim, novidade! - alguns apontamentos jazzisticos. Nesta amalgama em que, apesar de tudo, soa melhor na prática do que na teoria, os Iron & Wine escapam vivos, mas não ilesos.

Oiça-se a essencial "Walking Far From Home".

The Kings is Dead - 7/10
Kiss Each Other Clean - 6/10





0 comentários: