quarta-feira, 17 de março de 2010

[Crítica] Gil Scott-Heron - I'm New Here

Assistimos nos últimos meses a um grande burburinho, burburinho que envolvia a edição do álbum de regresso de Gil Scott-Heron, mais de 15 anos depois do último trabalho, esse Minister of Information de 1994. Entretanto entrou numa espiral de problemas com drogas e com a justiça.

Chamam-lhe pioneiro do hip hop e chamam-lhe o Bob Dylan negro. Poderá ser tudo isso, mas I'm New Here mostra muito mais. Mostra-nos um músico com raízes no passado, mas com os olhos no futuro. Só assim se explica que, para além de ir às raízes do blues – a cover de "Me And The Devil, de Robert Johnson – e à folk via Smog aka Bill Callahan – a cover de "I'm New Here –, se atirar também a batidas que ficam a dever algo ao trip-hop e ao dubstep. Afinal, o título do álbum é isso mesmo, I'm New Here, porque um Mundo de tecnologias se desenvolveu enquanto Scott-Heron hibernava criativamente.

É um disco negro, com ambientes nublados costurados por Richard Russel, o produtor e homem do leme da XL Recordings. Pelo meio, Scott-Heron sampla Kanye West, "despacha" interlúdios, constrói uma lírica auto-biográfica - já despreocupada em ser política como o era nos anos 60/70 - e consegue soar completamente honesto.

É um disco curto, não chega a passar a marca dos 30 minutos. Afinal de contas – e apesar de ter os olhos bem postos no futuro – Gil Scott-Heron continua a ser alguém que surgiu no tempo do vinil.

7/10



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