segunda-feira, 15 de novembro de 2010

[Reportagem] - Interpol - 12 de Novembro - Campo Pequeno

Reportagem publicada originalmente na Rua de Baixo.


Ainda Nova-Iorque não fervilhava a criatividade que rende uma infinidade de álbuns do ano a cada 365 novos dias, quando os Interpol lançaram Turn on the Bright Lights - disco enorme que colocou a banda de Paul Banks no mapa das grandes promessas do século XXI.

Nos Interpol tudo é claro desde o início. A aura é sombria e os fatos – sim, fatos – são de um negro que condiz com a música que oferecem. As canções crescem chegando, por vezes, ao épico. Isto é assim desde o início, desde que se lançaram pela Matador. A história dos Interpol distingue-se dela mesma em pormenores. Com Antics, a relação com a crítica manteve-se, mas com Our Love do Admire, já de 2007, o divórcio era inevitável – os Interpol assinaram por uma major e estavam maiores, maiores que tudo, maiores que a vida e a tendência era crescerem ainda mais. Mas o que Paul Banks e companhia anunciam de seguida é um regresso às origens, com Interpol, o homónimo novo álbum, homónimo como se fosse o primeiro. Ah! E voltaram para a Matador, a editora dos dois primeiros discos.

Os Interpol ao vivo são pouco mais que estáticos – o guitarrista Daniel Kessler mexe-se de forma idiossincrática, mas temos pouco mais que isso. As canções discorrem sem grandes pausas. Mas os Interpol são isto há quase uma década – quem vai, sabe ao que vai. Ainda assim, a banda vai tentando dar um “mais qualquer coisa” aos fãs. Desde o espectáculo de luzes – pobre, ainda assim – aos painéis por trás do palco. A música, essa, é sempre boa. Guitarras épicas, lá no alto, e que chegam a chorar – sim, juramos que as guitarras dos Interpol choram. E é bonito. A secção rítmica ora é encorpada, ora é nervosa.

No encore – coisa mais anti-climax até hoje inventada -, claro, não trazem nada de novo. Ao vivo, os fãs adoram, os não-fãs certamente não saem convertidos. Mas neste campeonato de vénias aos Joy Division são claramente os melhores. Na verdade, antes uns Interpol a 50 por cento do que uns Editors a todo o gás.

Na primeira parte, os Surfer Blood depararam-se com uma plateia atípica, à imagem de grande parte das primeiras partes, o que surpreende vindo de um público que é bastante adepto de festivais. As guitarras também cantam alto, mas a banda canta um pouco mais baixo. Não são maus, mas ainda não são assim tão bons. Mas há potencial e têm todo o tempo do mundo para crescer.

Fotografia de José Eduardo Real

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