terça-feira, 9 de novembro de 2010

[Reportagem] Black Rebel Motorcycle Club - 8 de Novembro - Aula Magna


Primeiro que tudo a sala. A Aula Magna não é para estas incursões rock, em que o suor é mais importante que a compostura. Falta em Lisboa uma sala capaz de receber bandas como os Broken Social Scene e os Black Rebel Motorcycle Club sem que fique a sensação de apelo não correspondido, sem que fique aquela embaraçosa sensação de sala vazia.

Na primeira parte, os Mudering Tripping Blues (MTB) apresentaram-se como um power-trio cheio de blues-rock para oferecer a uma plateia que, supõe-se, é “tu cá tu lá” com a cena de Coimbra da década de 90. Os MTB não se afasta muito dessa sonoridade e os resultados também são quase sempre os mesmos: muito suor e muita borracha queimada.

Também como power-trio se mostraram os Black Rebel Motorcycle Club (BRMC), banda essencial do início da década que foi perdendo fulgor ao longo dos anos. Em 2000, os BRMC perguntavam: “O que raio aconteceu ao Rock N’ Roll?”. Nós questionamos agora: “O que raio aconteceu aos BRMC?”. A resposta não é certa. Explodiram com os Strokes e os White Stripes – a vaga que voltou a salvar o rock -, mas acabaram sempre atrás destes doi nomes. Perderam a corrida, mas continuam a competir. E isso é de louvar. Até porque nenhum dos discos dos BRMC é menos que razoável.

Na Aula Magna sentimos que é ao vivo que a banda se sente bem. Blues, rock e folk, a carreira dos BRMC, enfim. O rock cheio de faíscas de “Spread You Love” e “Whatever Happened to Rock N’ Roll”, o mais dançável de “Berlin” e o panfletário de “Weapon of Choise”. Quando vão à folk soam mais Bob Dylan que o próprio. São sempre bons.

Depois há histórias bonitas que merecem ser contadas. Consta que os pais da baterista Leah Shapiro se conheceram há 40 anos em Lisboa e se apaixonaram. A outra história, a do rock, um rock a preto e branco que nos trás os Jesus & Mary Chain à mente, foi contada em duas horas de um concerto incendiário que contou com dois encores. Assim vale a pena. Ah! E o rock não morreu. Que o digam os Black Mountain, os Black Keys ou os Rose Hill Drive.

Nota: Esta foto não corresponde ao concerto em questão

0 comentários: