segunda-feira, 29 de novembro de 2010

[Crítica] B Fachada - Há Festa na Moradia / Linda Martini - Casa Ocupada

Estamos na recta final de 2010. O nosso Verão não teria sido o mesmo sem B Fachada. O nosso Inverno seria bem menos agradável sem os Linda Martini. Mais do que duas promessas, duas certezas.

B Fachada - Há Festa na Moradia


"Durante a gravação (...) procurou-se recuperar o som, também mais cru e violento de certos discos africanos que nos passavam pelas mãos. (...) O título evoca o Alfredo Marceneiro de "Há Festa na Mouraria". O bombo traz à memória os discos de Bonga. Ladra, morde e pode ser sacado”


A citação é retirada do site da Mbari e serve para nos ajudar a perceber Há Festa na Moradia, o ep de Verão de B Fachada. É um disco diferente do último, a homónima obra-prima, Aliás, Bernardo já nos habituou a uma regular troca de registo, de disco para disco - irrefutável prova de coragem. Cortou a barba – coisa de relevo -, mas voltou a ir às raízes tradicionais, ainda que com as ideias postas no presente que sempre iluminaram a cabeça do cantautor. A qualidade de som, essa também desce, relativamente ao antecessor - algo, hoje em dia, cada vez mais comum. Aponta, mais do que qualquer outro, para a interpretação lírica, sendo um registo bem disposto e colorido - não fosse este um disco de Verão.


Artista camaleão - o David Bowie dos pobres? -, este é mais um triunfo na ainda curta mas recheada carreira de B Fachada. Nova edição em meados de Dezembro - é de homem!


Linda Martini - Casa Ocupada



Casa Ocupada sucede a Marsupial, o prometedor ep que se seguiu à maravilhosa estreia, esse colosso chamado Olhos do Mongol.


O grande argumento que os Linda Martini apresentam, para lá a inegável capacidade técnica, está na forma como sacam frases capazes de nos pôr a gritar num amanhã ainda longinquo. Vamos-nos lembrar de frases como “A mulher-a-dias faz dias que não vem / Perdeu a conta às horas e meses que um dia tem”, de “Mulher a Dias”, ou “Se me vier, quero-te chegar”, em “Nós os Outros”, ou ainda “Parecemos putos, não temos aulas amanhã!” de “Juventude Sónica”, ou, por fim, “Foder é perto de te amar”, quando rejeitam as rádios em “Cem Metros Sereia”.


Os Linda Martini são o grito de uma geração. E quem bem que gritam... A cada canção reverênciam os Sonic Youth e vagueiam pelo pós-rock e pelo rock progressivo. E sempre, sempre com distinção. Produzido pela própria banda, Casa Ocupada já era um dos melhores discos nacionais do ano antes mesmo de o ser. É-lo.


Há Festa na Moradia - 8/10

Casa Ocupada - 8/10



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