domingo, 22 de agosto de 2010

[Crítica] Arcade Fire - The Suburbs


Desde o início (2004, mais coisa, menos coisa) que os títulos das edições dos Arcade Fire são bastante explícitos – Arcade Fire, o EP, apresentava-os, Funeral, clássico absoluto, tinha a morte ali ao lado e Neon Bible descortinava a temática da religião e tudo o que gira à sua volta. Olhamos agora para The Suburbs e não temos dúvidas: o terceiro álbum da banda de Montreal é sobre essas "urbanizações construídas pelos homens com o objectivo de tornarem as cidades num lugar melhor para viver, mas que acabam por não ser em nada melhores que os grandes metrópoles que circundam".

The Suburbs é o mais ambicioso trabalho dos Arcade Fire. É um ambiciosíssimo álbum conceptual sobre os subúrbios, claro está, e as personagens (imaginadas ou não pela banda) que lá moram. Tem 16 canções e ultrapassa os 60 minutos de duração. Fazer tudo isto sem cansar o ouvinte é obra. É um disco fabuloso, menos imediato que Neon Bible, pelo que exige várias audições. É épico, sem soar pretensioso, maior que a vida em algumas canções ("Half Light I" e "Sprawl I (Flatland)") e não se coíbe a pôr a mão na ferida em outras ( a belíssima "City With No Children"). Nas grandes novidades destacam-se alguns apontamentos electrónicos ("Sprawl II (Mountains Beyond)", é o exemplo mais descarado).

Menos duas ou três canções que passam completamente ao lado ("Rococo" e "Deep Blue" não têm nada que nos faça dar-lhes atenção) e estaríamos perante uma grande obra-prima. Como temos duas ou três canções que passam completamente ao lado, ficamo-nos pela “obra-prima”.

Sejamos realistas - dificilmente estes canadianos vão gravar um mau disco. The Suburbs é o terceiro tiro certeiro em outras tantas tentativas e a melhor banda da última década vai continuar a sê-lo nesta. Agora, já sem grandes surpresas.

8/10


3 comentários:

Alexandre Pereira disse...

Estou há quase duas semanas a ouvir este novo disco deles e está a ser difícil de entrar (como dizes, exige várias audições). Acho que concordo em quase tudo, mas no entanto, tinha preferido um disco mais pequeno ;)

Abraço

Anónimo disse...

Hum, Deep Blue foi a primeira a criar o meu bonding com o álbum, a principio. Rococo foi a segunda :)

Pedro Arnaut disse...

Sim, para ser mesmo aquela obra-prima o disco teria que ser mais pequeno. Mas há aqui muitos cojones!

A "Deep Blue" passou-me completamente ao lado. A "Rococo" confesso que irrita-me a repetição do título.