sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

[Reportagem] - Arctic Monkeys, 3 de Fevereiro, Campo Pequeno

Ouvimos o último álbum dos Arctic Monkeys e notamos que a coisa está substancialmente diferente. A coisa tem sido mais que documentada. Parece que Josh Homme conseguiu mesmo colocar uma ponta de “juízo” na cabeça destes rapazes - em tudo o que isso tem de bom e mau. Perdeu-se a espontaneidade juvenil que o rock pedia há muito, ganhou-se uma mesma banda capaz de se reinventar e ainda assim não menosprezar por completo o passado.

Ao contrário do caótico concerto de 2007 – é óptimo para estabelecer comparações – a banda não distribui pólvora logo à primeira canção. "Dance Little Liar" não é dada a euforias e pode muito bem ser o início perfeito para esta digressão dos britânicos. Está lá tudo. Arranjos mais trabalhados, eles mais contidos e arranjados e com cabeleiras bem mais esticadas. Com "Brianstorm" o espectáculo ganha cor e imagem – surgem dois ecrãs que se dividem em dois ou três consoante o espectáculo o peça e as luzes que estão na retaguarda da banda. Dá a ideia de que estamos a assistir a um filme rock, um DVD ao vivo da banda de Alex Turnor e companhia. Resulta.

Ouvimos tantas canções de Humbug como dos dois discos anteriores. Podemos preferir o novo álbum, mas é com a performance de "I Bet You Look Good On The Dance Floor" que voltamos a acreditar no rock, tal como em 2006. A cada canção dos dois primeiros discos a plateia entra em euforia e a bancada perde a compostura – vislumbramos trintões de fato a dançar ao som de "When The Sun Goes Down", outro dos momentos de celebração total. Em novos temas como "Crying Lightning", "My Propeller" e "Potion Aproaching" – tudo excelentes canções – a chama não se perde. Viria a perder-se, sim, mas só no final. Com “Secret Door", "Cornerstone" e "505" – tudo com um intervalo para encore no meio – fecham o concerto de forma introspectiva, bem diferente daquilo que fizeram em 2007 – esse concerto óptimo para estabelecer comparações.

Resumindo: em 2007, os Arctic Monkeys eram um poço de inesgotável energia que tornava cada concerto num óptimo pretexto para largar frustrações. Em 2010 estão bem mais contidos, arriscam mini-jams (propositamente estragadas) que anunciam o fim de uma canção e, acima de tudo, são melhores músicos. Nota-se

Na primeira parte, os Mystery Jets mostraram aquilo ao que vêm: são rapazes cheios de truques, melodias trauteáveis e iguais a muitas outras bandas indie-pop banais que têm os Kooks como foco principal.

Nota: A fotografia não pertence ao concerto em questão

2 comentários:

Anónimo disse...

Assisti ao concerto do Porto e concordo que há uma contenção na postura da banda - que se estendeu à comunicação, parca, com o publico. Humbug contem musicas que funcionam bem ao vivo e que transformam o concerto dos arctic em algo mais soturno - ligeiramente é certo - mas sempre com a energia que os caracteriza, a fervilhar, à espreita.
Ainda assim é compreensível que sejam as musicas de álbuns anteriores a electrizar o público, mas na minha opinião, este é o caminho certo para a banda.

Alexandre Pereira disse...

Não venho comentar sobre o concerto em questão pois não pude assitir ao concerto.

A verdade é que a banda tem vindo a fazer a evolução certa perante os seus três discos - apesar de para mim Hambug ficar atrás dos outros dois.

Outro ponto importante é referir que não nos podemos ficar sempre presos a uma "onda" e os Arctic Monkeys souberam mudar, transformar-se em algo mais sério, mas Hambug não tem nem de perto nem de longe as chamadas "malhas" que tanto nos habituaram nos seus primeiros álbuns. No entanto, perdoo-os, porque como disse estão a fazer a evolução correcta e uma banda por muito que seja excelente a fazer uma coisa, tem também que aprender a mudar e a fazer coisas novas. E acho que Hambug foi uma positiva primeira tentativa, mas à segunda já não perdoo :P

Quanto ao concerto só posso dizer que tenho pena de não ter ido pois é a segunda vez que fico em casa

Abraço ;)