quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

[Crítica] Vampire Weekend - Contra

Um dos pontos fortes da crítica - e não só - é poder brincar com as palavras. O leitor diverte-se ou não, o crítico recria-se e a coisa pode resultar ou não. Contra é o título do segundo disco dos Vampire Weekend, um deleite para quem gosta de fazer trocadilhos e jogos de palavras.

O primeiro álbum da banda de Ezra Koenig – diga-se sem qualquer tipo de pudor – era para aí uma das três melhores coisinhas que deram à costa em 2008. Com Contra, o muito aguardado segundo trabalho, a banda não se limita a prolongar o deleite anterior. É mais que isso, mas menos bom que as três melhores coisinhas que deram à costa em 2008 – e em 2009 e, apostamos, em 2010. Contradizemo-nos? Primeiro jogo de palavras à parte: não, não nos contradizemos. Contra tenta ir mais longe que Vampire Weekend, mas não consegue ser tão bom. É simples. Vampire Weekend era um terramoto. Contra é uma réplica. Sentimo-la, mas sem grande intensidade.

Grande mudança ou, aliás, adição: electrónica via sintetizadores via Rostam Batmanglij, ele que é teclista da banda e que se lançou, em 2009, num muito electrónico projecto paralelo sob a designação Discovery. A nova faceta synth-pop dos Vampire Weekend não é, portanto, uma surpresa. Não tem que ser, mas teria mais encanto se fosse. Primeira pequena mudança ou, aliás, supressão: os sopros, bem presentes na estreia. Segunda pequena supressão: o clima de festa já não é tão intenso, não esperem encontrar uma "A-Punk", por exemplo - ainda que "Cousins" chegue a aproximar-se. O resto, os africanismos – gostam de lhe chamar afro-pop – via Paul Simon e Talking Heads continuam lá e isso nota-se logo na primeira canção, "Horchata".

Os Vampire Weekend são gente cool e que gosta do Verão, gosta do calor, gosta de continente africano. Samplam M.I.A. ("Diplomat's Son") e constroem uma grande canção como "White Sky". Não se espalharam, nem se transformaram numa caricatura, mas, neste caso, é impossível ser do contra e assumir que o segundo disco dos Vampire Weekend é melhor que o primeiro.

6/10

0 comentários: