quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

[Crítica] Them Crooked Vultures - Them Crooked Vultures


Há uma espécie de sentimento de realização quando vemos as pessoas certas no lugar certo. No caso dos Them Crooked Vultures isto quer dizer que Dave Ghrol (Foo Fighters) volta a dedicar-se a 100 por cento à bateria na companhia do seu "buddy", Josh Homme, ele dos Queens of the Stone Age (QOTSA). À equação Ghrol mais Homme junta-se John Paul Jones, ele dos lendários Led Zeppelin. Temos então um tipo lendário, baixista dos quase perfeitos Led Zeppelin, um outro que ajudou a mudar o Mundo no início da década de 90, Dave Ghrol, e um outro ainda que comanda uma das mais entusiasmantes máquinas rock n' roll do novo milénio.

Talvez fosse este o plano de Ghrol e Homme quando, em 2002, se juntou aos QOTSA. Talvez não. Them Crooked Vultures não supera Songs for the Deaf. Nem tem pretensões a tal. Os propósitos são completamente diferentes. Em Songs for the Deaf há a manifesta vontade de entrar para os anais da história, o que é superiormente conseguido. Já Them Crooked Vultures soa a desabafo, como se o resultado das jam sessions - que, diz-se, ocorrem desde 2005 - tivesse que saltar cá para fora. Pelo menos duas destas canções poderiam estar em Songs for the Deaf: "Elephants" e "Interlude With Ludes", esta numa eventual participação especial de Mark Lanegan. O resto não se encaixaria totalmente, embora a partir de "Elephants" o ambiente torne-se mais negro, soturno, e doentio, adjectivos que caiem muito bem para descrever a música da principal banda de Homme.

Lembramo-nos de quando em vez dos Led Zeppelin e não nos lembramos nem por uma vez dos Nirvana e muito menos dos Foo Fighters. Talvez porque Josh Homme tenha sido o único a não se despir totalmente para este disco. Há momentos de puro pavonear ("Elephants"), rock n' roll puro e duro ("Mind Eraser, No Chaser" e "Dead End Friends"), um épico ("Warsaw or The First Breath You Take After You Give Up"), psicadelismos (um pouco de "Reptiles" e toda a "Interlude With Ludes") e uma vibrante (dançável?) "Gunnan".

Não é álbum para mudar o Mundo, mas é um excelente disco, o que é muito mais que um mero consolo.


8/10

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