Há uma espécie de sentimento de realização quando vemos as pessoas certas no lugar certo. No caso dos Them Crooked Vultures isto quer dizer que Dave Ghrol (Foo Fighters) volta a dedicar-se a 100 por cento à bateria na companhia do seu "buddy", Josh Homme, ele dos Queens of the Stone Age (QOTSA). À equação Ghrol mais Homme junta-se John Paul Jones, ele dos lendários Led Zeppelin. Temos então um tipo lendário, baixista dos quase perfeitos Led Zeppelin, um outro que ajudou a mudar o Mundo no início da década de 90, Dave Ghrol, e um outro ainda que comanda uma das mais entusiasmantes máquinas rock n' roll do novo milénio.
Talvez fosse este o plano de Ghrol e Homme quando, em 2002, se juntou aos QOTSA. Talvez não. Them Crooked Vultures não supera Songs for the Deaf. Nem tem pretensões a tal. Os propósitos são completamente diferentes. Em Songs for the Deaf há a manifesta vontade de entrar para os anais da história, o que é superiormente conseguido. Já Them Crooked Vultures soa a desabafo, como se o resultado das jam sessions - que, diz-se, ocorrem desde 2005 - tivesse que saltar cá para fora. Pelo menos duas destas canções poderiam estar em Songs for the Deaf: "Elephants" e "Interlude With Ludes", esta numa eventual participação especial de Mark Lanegan. O resto não se encaixaria totalmente, embora a partir de "Elephants" o ambiente torne-se mais negro, soturno, e doentio, adjectivos que caiem muito bem para descrever a música da principal banda de Homme.
Lembramo-nos de quando em vez dos Led Zeppelin e não nos lembramos nem por uma vez dos Nirvana e muito menos dos Foo Fighters. Talvez porque Josh Homme tenha sido o único a não se despir totalmente para este disco. Há momentos de puro pavonear ("Elephants"), rock n' roll puro e duro ("Mind Eraser, No Chaser" e "Dead End Friends"), um épico ("Warsaw or The First Breath You Take After You Give Up"), psicadelismos (um pouco de "Reptiles" e toda a "Interlude With Ludes") e uma vibrante (dançável?) "Gunnan".
Não é álbum para mudar o Mundo, mas é um excelente disco, o que é muito mais que um mero consolo.
8/10
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