sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

[Reportagem] - The Prodigy, 7 de Dezembro, Pavilhão Atlântico

As coisas nem sempre correram bem aos Prodigy. Entre a saída de Maxim e Keith Flint, o falhanço que foi Always Outnumbered, Never Outgunned e o regresso dos dois enérgicos vocalistas, o projecto ia-se perdendo. Acima de tudo, a marca "Prodigy" ia-se descaracterizando. Ao regresso de Flint e Maxim, que (agora sabemos) são pedras tão basilares como Liam Howlett, e à força das actuações ao vivo, aliou-se o último Invaders Must Die. Os Prodigy estão de novo na mó de cima. São os próprios que o dizem: "Omen", por exemplo, é capaz de gerar reacções tão ou mais eufóricas que êxitos de sempre como "Breathe", "Voodoo People" ou mesmo "Smack My Bitch Up".

De facto as novas canções geram um enorme consenso entre a nova vaga de fãs, a que esteve em maioria no Pavilhão Atlântico. São estes novos seguidores que, logo a abrir, entregam o corpo a "World's On Fire". A euforia é geral. Em palco é o caos de sempre – Flint numa correria constante, Maxim a puxar por uma plateia que não precisa de ser provocada e vislumbramos ainda uma guitarra agarrada ao amplificador, como se a barulheira não fosse já suficiente, como se o caos não estivesse completamente instalado. Como se fosse necessário encostar uma guitarra ao amplificador.

Outras canções novas como "Warriors Dance", "Run With The Wolves", "Invaders Must Die" ou, já em encore, "Take Me To The Hospital" nota-se que foram também pensadas para as actuações ao vivo. A atitude é sempre só uma: entrega absoluta. Os Prodigy têm a capacidade de instalar uma enorme "rave" por onde quer que passem. Quando deixarem de o conseguir fazer é porque chegou a altura de pendurar a guitarra e pousar o microfone.

No menos positivo, o alinhamento não diferiu muito do Optimus Alive, o que nos leva a outro problema, a falta de risco. Por mais arrasador que seja, um concerto dos Prodigy corre o risco de se tornar pouco estimulante se tivermos constantemente a levar com as mesmas canções uma e outra vez. Falta de risco à parte, este foi mais um concerto incendiário. Os Prodigy tiveram direita a uma segunda oportunidade. Saibamos aproveitá-la.

Na primeira parte, os Enter Shikari ofereceram fartas dozes de testosterona a uma plateia que há já algum tempo que aguardava por esta oportunidade. Foi o primeiro concerto da banda que os rótulos apontam para o happy-hardcore – seja lá o que isso for - em Portugal e esteve longe de ser memorável. Se a coisa em disco não chega a entusiasmar, em palco e com falta de atitude (que sobra no álbum) a coisa roça a mediocridade. O novo álbum não gera consensos. Pouca coisa parece correr bem para o lado dos Enter Shikari. Normalmente não é bom sinal.

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