sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

[Reportagem] Franz Ferdinand, 2 de Dezembro - Campo Pequeno


É fácil pensar que a queda para uma sonoridade mais electrónica de Tonight, o recomendável último disco dos Franz Ferdinand, tem a mão de Alex Kapranos, líder incontestável desta insaciável máquina escocesa de grandes singles e excelentes discos. Ao vivo a ideia que fica é que é Nick McCarthy a mente criativa por detrás dos sintetizadores que adornam o terceiro disco dos Franz Ferdinand.

O espectáculo começa sem surpresas: quando soa o riff de "No You Girls", o último single da banda, não temos a certeza se o concerto estará ganho à partida, mas "Dark of the Matinee" e sobretudo "Do You Want To" não deixam dúvidas. Sim, os escoceses têm o público português a seus pés.

Alex Kapranos é incansável. É um grande mestre de cerimónias – comunica, lança palavras de ordem e incentivo, e regozija-se pelo primeiro concerto em nome próprio, a noite em que eles finalmente são reis e tomam Lisboa – isto, tendo em conta a conotação histórica do nome da banda fará todo o sentido.

Nicky McCarthy é outro que não pára quieto. É todo truques e acrobacias, as pernas não param um só segundo, os riffs - já sabemos - são de um contágio pouco vulgar e só lhe temos um "defeito" a apontar - os coros ao vivo não soam tão bem quanto em estúdio. Defeito? Qual quê. É absolutamente normal.

As novas canções resultam bem ao vivo. "Can't Stop Feeling" e "Twilight Omens" passam um pouco ao lado, mas "Live Alone" é anunciada com o refrão cantado por Alex Kapranos - tanto carisma devia ser pecado - e é bem recebida, "What She Came For" tem direito a mosh - os últimos 30 segundos são punk-rock pelo que se aceita - e "Ulysses" aproveita o êxtase pós-“Take Me Out". Para se perceber bem a forma como "Take Me Out" foi recebida retenha-se esta imagem: ao primeiro riff o público entra em histeria, Kapranos atira, por fim, "I Know I Won't Be Leaving Here With You" e é ver pirotecnia no meio do público – abre-se uma roda e durante cerca de 30 segundos gera-se uma espécie de culto – e o Campo Pequenos aos saltos - bancada e galerias incluídas, o que tendo em conta o espaço disponível nestes espaços é notável.

Antes de saírem de palco pela primeira vez, os quatro trazem bombos e pratos para o meio do palco e geram-se ali quatro percussionistas - três improvisados, é claro. É Esta foi a saída marada número um. A número dois vem depois do encore.

O encore, pois então. Logo a abrir, uma das raras incursões por You Could Have It So Much Better com "Walk Away", segue-se "Michael", uma versão de "All My Friends" dos LCD Soundsystem e "Lucid Dreams", canção de laivos psicadélicos que encerra à noite com a saída marada número dois. A banda regressaria para agradecer ao público – é simpático, mas menos marcante do que se decidissem não voltar.

Nota: A foto não pertence ao concerto em questão

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