O Optimus Alive mostrou, mais uma vez, que, mais que um simples festival de música, este é um evento com muitas histórias para contar. Da entrada no festival com uma banda de covers à exposição de Rita Carmo, já no recinto, e às caminhadas/mensagens dos Homens da Luta pelo recinto, este evento é, à terceira edição, uma referência. Ainda que pareça redundante dizer que este é um “Evento de Música e Arte” a definição aplica-se que nem uma luva. Nota negativa para o acesso ao festival, no primeiro dia, e, constantemente, nos três dias, ao WC.
No primeiro dia o Palco Optimus foi inteiramente dedicado aos «metaleiros». Os RAMP abriram as hostilidades à hora marcada. Há muitos paralelismos entre este concerto da banda de Rui Duarte e aquele que foi dado no Super Bock Super Rock, em 2006. Na altura os RAMP abriram o palco que, em dois dias, iria receber actuações de Korn, Soulfly, Alice in Chains, Tool, Placebo e Deftones. Os tempos são outros e, em
Os Mastodon devem ter dado o seu concerto menos consensual por terras lusas. O alinhamento foi mais leve que o habitual, facto que prendeu os movimentos a alguns dos presentes. Fica no ar o sentimento de que, desde Blood Mountain, os Mastodon estagnaram e até perderam popularidade. Talvez devido ao último Crack the Skye, talvez não. O que é facto é que as três figuras carismáticas que surgem em directo confronto com o público não reuniram as mesmas reacções que obtiveram, por exemplo, no Super Bock Super Rock 2007, também com os Metallica a encabeçarem o cartaz.
Os Lamb of God, rapazes de um culto significativo, deram um concerto frenético. A banda puxa pelo público, com o vocalista Randy Blythe em claro destaque, mas o som destes senhores não parece mais que um amálgama de referências que se perde em contexto «festivaleiro». Num momento em que parece que o metalcore é apenas uma miragem para os Lamb of God, a nova faceta parece criar um certo culto à volta da banda, algo que parece incompreensível. Acabaram com “Redneck” e o consequente «Wall of Death». Facilmente esquecível.
O concerto dos Machine Head, ainda que muito acima do razoável, fica a perder em relação ao do Rock in Rio Lisboa
O circo chegou à cidade
Ao fim dos (mornos) primeiros 15 minutos de actuação pairava a ideia de que este poderia ser o último concerto dos Slipknot por terras lusas. O início foi tremido e, ainda que a actuação não tenha subido a um nível de euforia excepcional, o resto da actuação foi convincente. Continua a não faltar dinâmica na actuação da banda, mas o momento já não é o melhor – sabe-se que Corey Taylor e companhia já gozaram de melhores dias. No concerto do Alive não esteve presente Chris Fech que, segundo Corey Taylor, esteve ausente devido à morte de um familiar próximo. Perto do fim, o clássico “Spit it Out” voltou a ser o momento mais festejado da noite, levando o público à loucura com o já conhecido lema “Jump the Fuck Up” – de joelhos, os «festivaleiros» seguiram as indicações do mentor da banda e causaram o caos em frente ao palco principal.
Um palco da envergadura que os Metallica exigem, leva tempo a ser montado, de modo que dá tempo para dar uma espreitadela a Klaxons no Palco Super Rock.
A banda de Myths of The Near Future intercala temas novos com os do álbum de estreia, sendo estes últimos os mais festejados. Dos temas novos nenhum se terá destacado, pelo que é de temer que a fasquia venha a descer consideravelmente relativamente a temas como “Gravity’s Rainbow”, “Atlantis to Interzone”, “Totem to Timeline” e “Magik”. Na retina daqueles cerca de 25 minutos fica uma actuação pouco enérgica e partilhada.
Um concerto de Metallica deixou de ser novidade
Dia 10
Com a responsabilidade de abrir o segundo dia do evento estiveram os Gaslight Anthem, uma das boas bandas de rock musculado nascidas nos últimos tempos. Temas como “Great Expectations”, "Old White Lincoln” e “59 Sound”, o single que tocaram com Bruce Springsteen
No palco principal, Os Ponto Negros abriram com uma actuação, no geral, pouco entusiasmante. Entraram como grande hit “Conto de Fadas de Sintra e Lisboa”, passaram por temas mais antigos como “Inês” – dedicado a todas as meninas com o mesmo no festival – e terminaram com “Armada de Pau”, o tema mais apreciado pelos fãs. A actuação d’Os Pontos Negros teria funcionado bem melhor no Palco Super Rock. No Palco Optimus parecia quatro pontos numa imensidão de vazio. Esperam-se melhores dias que o potencial está lá.
Logo a seguir o garage rock dos Eagles of Death Metal conquistou o palco principal. Conduzida pelo carismático Jesse Hughes, um «bimbo de primeira», a banda presenteou a plateia com uma actuação puramente rock ‘ roll sem paragens. “I Only Want You”, “I Want You So Hard (Boys Bad News)”, “Anything ‘Cept the Truth” e “Wanna Be In LA” foram pontos altos de um belo concerto.
Seguiram-se os Kooks com a sua indie-pop solarenga indicada para o final de tarde. Ao vivo a banda goza dos mesmos problemas que em disco: não é grande coisa. Luke Pritchard e companhia desfilaram êxitos como “Always Where I Need To Be”, “Do You Wanna” e “Shine On” sempre bem recebidos por uma plateia sub-18.
Os Blasted Mechanism são o único nome repetido do Optimus Alive até ao momento. A banda conduzida agora por Guitshu deu mais um espectáculo explosivo como é seu apanágio. A troca de vocalista quase não se nota e a entrega da banda é total. Canções como “Blasted Empire “Battle of Tribes” e “Karkov” foram pontos altos do espectáculo de uma banda que já não sabe dar um mau concerto.
À terceira é de vez
Depois da bombástica actuação dos Blasted Mechanism vieram os Placebo. A banda de Brian Molko, que tinha estado a dar autógrafos horas antes da actuação, mostrou, depois dos dois últimos penosos concertos em Portugal, estar no Alive de corpo e alma. Assim, se no Super Bock Super Rock, em
Seguiu-se a actuação da noite. Os Prodigy estão melhores que nunca. O novo álbum trouxe um enorme fôlego à banda de Maxim, Liam Howlett e Keith Flint e, no concerto do Alive, não faltaram à chamada os novos êxitos “Omen” e “Invaders Must Die”, esta última já
Dia 11
No último dia do evento, os X-Wife abriram o palco secundário com a sua infalível máquina pós-punk cheia de provas dadas. Numa actuação segura, destaque para a recepção do público ao novo hit "On The Radio" e o já clássico "Rock in Rio".
Logo a seguir, os A Silent Film revelaram (muitos) problemas. A sua pop melancólica que em nada é superior à dos Coldplay, Keane ou mesmo Snow Patrol - já nem tocamos nos Radiohead – aponta para referências como os Keane e os Editors, o que não pode ser coisa boa. Ganhem uma identidade e voltamos a falar.
Com os Los Campesinos (na foto) a conversa já foi outra. Com dois álbuns na carteira, os sete «miúdos» souberam agarrar o público – o que já os conhecia e o que não os conhecia – desde o primeiro momento. Canções
Chris Cornell tem medo. Este é o único balanço possível do concerto de Chris Cornell. Abriu com "Part of Me", canção do novo disco que revelou a penosa face Rn’B de Cornell. O que veio depois foi rock n' roll. Êxitos dos Soundgarden, Temple of the Dog e Audioslave combinados com algumas canções dos dois primeiros álbuns e, no pior, mais duas canções de Scream. A banda que acompanha Cornell cumpre mas não deslumbra. Que os rumores de reunião com os Soundgarden sejam fundados. Cornell tem medo e tem razão para ter. Scream é mau, muito mau.
Entre o muito ensaiado e o improviso
Os cabeças de cartaz do último dia de Optimus Alive foram protagonistas de actuações completamente antagónicas. Se a Dave Matthews Band deu azo ao improviso com claras referências ao jazz, os Black Eyed Peas presentearam o seu público muito jovem com um espectáculo muito ensaiado. Adivinhem quem ficou a ganhar?
Comecemos pelos Black Eyed Peas. Trouxeram um ecrã gigante, robots insufláveis, bailarinos e..:Fergie. O espectáculo gira quase todo à volta desta menina bonita da pop actual. Os quatro Black Eyed Peas são, sem dúvida, uma das referências da pop mainstream dos dias que correm, mas o espectáculo não é mais que monótono. Vale-lhe uma (ou duas) mão (s) cheia (s) de êxitos e uma base de fãs pouco exigente.
Coube à Dave Matthews Band encerrar o festival com chave de ouro. Uma actuação a todos os níveis brilhante, com um Dave Matthews bem disposto – chegou a brincar com as dançarinas da Watchtower da Optimus – e uma banda de inquestionável competência. A base de fãs respondeu positivamente com palmas, cânticos e uma devoção só ao nível dos melhores. Se as digressões europeias são raras, em Portugal esta foi apenas a segunda vez que a banda actuou. Das duas vezes tocou horas a fio e deixou um público rendido.
Para o ano há mais.
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