Porque é que Bittle Orca dos Dirty Projectors – sexteto de Brooklyn liderado por Dave Longstreth - tem sido tão elogiado? Porque é experimental sem cair em exageros, vai a todas sem suar incaracterístico e porque é um disco difícil mas compensador.
Ao quinto álbum Dave Longstreth segue o exemplo de bandas como os Animal Collective e, no seu complicado mundo musical, consegue tornar as coisas mais simples, sem nunca soar acessível ou catalogável. É uma pop (muito) experimental que preenche pouco mais de 40 segundos de Bitte Orca. Há inesperados solos de guitarra e riff's soltos que sabe Deus porque é que estão aqui.
As raízes africanas não desapareceram. Os Talking Heads são um nome omnipresente em todo o disco – recorde-se que os Dirty Projectors colaboraram com David Byrne no álbum Dark Was the Night. A adição das duas vozes femininas – Amber Coffman e Angel Deradoorian – funciona também ela a favor do disco.
Vamos às (grandes) canções. A abrir, "Cannibal Resource", tem coros esquizóides e é uma enorme canção. "Temecula Sunrise" é um caos. Tem uma bateria tranquila e mudanças de ritmo inesperadas. O terceiro tema, "The Bride", tem falsetes a rodos, guitarras ondulantes e coros angelicais. "Stilness in the Move" conta com voz e coros femininos para além de inúmeros pormenores deliciosos. "Two Doves" é uma canção etérea e de uma beleza descomunal. Música chorona e com violinos a condizer. "Useful Chamber" tem apontamentos electrónicos, guitarras fortes e coros femininos – mais uma vez! - a destronarem um arsenal de guitarras violento - é a obra central do disco. A parte final do álbum tem "No Intention" que põe alguma água na fervura – é um resumo daquilo que é o álbum até aqui. "Remade Horizon" é uma ode à música africana e "Fluorescent Half-Dome" tem as premissas de algumas canções dos Radiohead.
Ao quinto disco, os Dirty Projectors fabricam a sua grande obra-prima. Bitte Orca tem tudo para se tornar num dos discos do ano.
8/10
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