Agora que as oportunistas (Duffy, Adele e afins) desapareceram tão rápido como apareceram, agora que a soul já não é uma moda capaz de encher estádios e Amy Winehouse já não aparece todo o santo dia nos tablóides britânicos, agora, meus caros, é a altura certa para Janelle Monáe se mostrar.
Arch Android vai a todas - tal é fácil notar logo à segunda canção (a primeira é a intro), "Dance or Die": spoken word do grande Saul Williams, baixo pulsante, Monáe a esgrimir rimas pedidas de emprestado ao hip hop e um caos sónico que culmina num solo ácido. Já ganhámos o dia, mas há mais. Há jazz, funk, r&b, soul (muita soul) e rock psicadélico. Monáe quis fazê-lo em grande e foi isso mesmo que fez. O conceito é simples, estamos num futuro longínquo, baseado na longa-metragem de Fritz Lang, o clássico Metropolis, e em que tudo parece igual a este hoje: repressão, racismo, machismo, desigualdade e escravatura são uma realidade cada vez mais presente. Para isso chamou alguns dos melhores - Big Boi, Saul Williams e os Of Montreal - e dividiu o álbum em duas partes.
Na primeira metade é uma artista em estado de graça, um conjunto de canções pop perfeitas. A segunda metade é um objecto estranho, menos entusiasmante, mas nem por isso menos bom. É como se a primeira metade fosse uma explicação teórica, mas positiva desse Mundo que é referenciado algures em 3005 (!), e a segunda metade fosse a explicação prática. Um "Ok! Isto não é assim tão bom, pelo contrário, é terrivel e não há grande volta a dar”.
Tal como David Bowie, Monáe criou um épico ficção cientifica. Deu-se bem. Os 70 minutos só se começam a notar no último quarto do álbum. O Mundo em 3005 até pode ser terrível, mas o de hoje, o de 2010, é injusto: como tal, vamos continuar a adorar Lady GaGa e a ignorar Janelle Monáe.
9/10
Arch Android vai a todas - tal é fácil notar logo à segunda canção (a primeira é a intro), "Dance or Die": spoken word do grande Saul Williams, baixo pulsante, Monáe a esgrimir rimas pedidas de emprestado ao hip hop e um caos sónico que culmina num solo ácido. Já ganhámos o dia, mas há mais. Há jazz, funk, r&b, soul (muita soul) e rock psicadélico. Monáe quis fazê-lo em grande e foi isso mesmo que fez. O conceito é simples, estamos num futuro longínquo, baseado na longa-metragem de Fritz Lang, o clássico Metropolis, e em que tudo parece igual a este hoje: repressão, racismo, machismo, desigualdade e escravatura são uma realidade cada vez mais presente. Para isso chamou alguns dos melhores - Big Boi, Saul Williams e os Of Montreal - e dividiu o álbum em duas partes.
Na primeira metade é uma artista em estado de graça, um conjunto de canções pop perfeitas. A segunda metade é um objecto estranho, menos entusiasmante, mas nem por isso menos bom. É como se a primeira metade fosse uma explicação teórica, mas positiva desse Mundo que é referenciado algures em 3005 (!), e a segunda metade fosse a explicação prática. Um "Ok! Isto não é assim tão bom, pelo contrário, é terrivel e não há grande volta a dar”.
Tal como David Bowie, Monáe criou um épico ficção cientifica. Deu-se bem. Os 70 minutos só se começam a notar no último quarto do álbum. O Mundo em 3005 até pode ser terrível, mas o de hoje, o de 2010, é injusto: como tal, vamos continuar a adorar Lady GaGa e a ignorar Janelle Monáe.
9/10
3 comentários:
Já conhecia o EP dela e achei-o muito bom! Soube há pouco tempo que ela tinha lançado um album e vou agora ouvir com atenção.
Concordo com o que escreveram sobre os artistas da moda ;)
Btw, que outros artistas soul gostam? Conhecem India Arie? Jill Scott? Chrisette Michele?
Posso dizer que a Unidade tem ouvido bastante, nos últimos tempos, Wilson Pickett e Mavis Staples. ;)
Fixolas... hei-de ouvir. Tentem ouvir Jill Scott pelo menos então. É mais "popuxo" mas continua a ter muito soul. Gosto muito da voz dela e tem músicas fantásticas, algumas com um som mais jazzy/cabaret muito interessante!
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