sexta-feira, 16 de outubro de 2009

[Música] - Pearl Jam - Backspacer / Alice In Chain - Black Gives Way To Blue

Duas das vacas sagradas do grunge regressam aos discos. Os Pearl Jam regressam três anos depois de um morno disco homónimo. Os Alice In Chains (AiC) não gravavam há década e meia. Esta semana Chris Cornell e Jerry Catrell – guitarrista dos AiC – juntaram-se aos Pearl Jam, num espectáculo da banda de Eddie Vedder e companhia. Cantaram-se, desde logo, louvores ao grunge. Será esta a sua ressurreição? Ou apenas uma feliz coincidência?

Backspacer é já o nono disco dos Pearl Jam. Quase 20 anos depois da sua formação, os grandes sobreviventes do movimento que celebrizou Seattle parecem "apenas" interessados em editar boas canções rock e em divertirem-se em palco. Não é revolucionário, mas parece suficiente. A cada disco da banda de Ten lá aparece mais uma ou duas canções que nos fazem ansiar por um espectáculo ao vivo em terras lusas. Em Backspacer é "Gonna See My Friend", canção que abre o disco, que nos entusiasma. É pesada, raivosa, lascíva, uma excelente canção.

As canções são curtas e só por duas vezes ultrapassam o limite dos quatro minutos. Backspacer segue a linha de Pearl Jam, mas tem aquilo que faltava ao seu antecessor, bons riff's, boas melodias...boas canções. Atente-se, por exemplo, a "The Fixer" e "Just Breathe". A primeira é um óbvio primeiro single e tem o selo das melhores canções de Verão. A segunda é uma ode à vida, a vida que os Pearl Jam aprenderam a dar valor.

Com Brendan O'Brien na produção – não gravava com a banda desde Yield –, já não há espaço para os grandes malabarismos técnicos dos primeiros tempos. É a tal história das canções descomprometidas, mais como pretexto para continuar a subir a um palco que para deixar marca neste moribundo mundo discográfico.

Este é um disco de quem já alcançou tudo aquilo que há para alcançar – e isso implica a imortalidade da marca Pearl Jam. Um disco de quem já não tem nada a provar. É um bom disco, ao contrário da maior parte dos discos de gente que não tem mais nada a provar.

Com os Alice In Chains o assunto é bem mais complicado. Foram 14 anos de hiato discográfico, sete sem Layne Staley e uma bem sucedida digressão que apresentou William DuVall, o talentoso vocalista dos Come With The Fall. Apesar das colagens ao fenómeno grunge, desde os anos 90 que os Alice In Chains se distinguiam das demais bandas de Seattle. A sonoridade é mais dura, mais pesada, mais lenta. No fundo, os AiC praticavam um hard-rock em que tanto a parte instrumental como a voz se parecem arrastar.

Dirt, o clássico que merecia mais menções que aquelas a que tem direito, imortalizou a banda e, acima de tudo, Layne Staley, o amargurado vocalista que se viria a suicidar no mesmo dia que Kurt Cobain, oito anos depois. Não era, pois, de todo expectável este regresso aos discos.

"Hope, a New Beginning", ouve-se logo na primeira canção, "All Secrets Known". As palavras de Jerry Cantrell dispensam qualquer tipo de tradução. É como que um atirar à cara dos mais cépticos a ideia de "estamos de volta e não queremos saber se gostam ou não".

A voz de DuVall, ainda que similar, não é uma cópia de Staley. Está entre o malogrado vocalista e Chris Cornell. "Your Decision" mais parece uma balada dos Seether, o que não é necessariamente mau. A banda Shaun Morgan é muitas vezes subvalorizada. Em "Last Of My Kind" arrepiamo-nos ao ouvir da boca de DuVall as palavras "So Young, So Brazen, So Unholy” e na faixa título, a que fecha o disco, é com surpresa que reparamos que é Elton John que está no piano.

O problema de Black Give Way To Blue é que parece grande parte das canções parecem arrastar-se até ao final. São demasiado longas e numerosas. É um regresso que não compromete sem impressionar.

Backspacer - 7/10
Black Give Way To Blue - 5/10


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