quinta-feira, 9 de setembro de 2010

[Crítica] Ariel Pink's Haunted Graffiti - Before Today / Wavves - King of the Beach

Ariel Pink e os Wavves: dois adeptos da ideologia lo-fi apresentam em 2010 os seus melhores álbuns. Before Today de Pink é mesmo uma obra-prima. É oficial: Pink deixou de ser um "freakzinho" que grava no quarto em condições de som deploráveis. Já os Wavves conseguiram, muito provavelmente, o melhor manual para adolescentes inadaptados desde que Kurt Cobain nos deixou.


Before Today é o primeiro álbum a sério de Ariel Pink. Antes editou outros oito discos pela Paw Prints, a editora dos Animal Collective. Agora, na 4AD, Pink lança o seu disco mais acessível e menos lo-fi.

Ariel Pink e os seus Haunted Graffiti recauchutaram memórias várias de infância - esse novo género a que chamam chillwave é isso mesmo -, memórias do tempo em que a rádio era companheira ideal de vários inadaptados espalhados pelos quatro cantos do Mundo, no tempo da k7, no tempo da baixa fidelidade, um tempo que nos parece agora menos longinquo. Before Today abraça a imperfeição, junta harmonias e falsetos, imita jingles publicitários e cita os Queen, Prince, Michael Jackson, o funk e o glam-rock.

Não é perfeito, mas é por isso que se torna especial - e porque tem alguns dos melhores momentos pop do ano.

Os Wavves também aumentaram a fidelidade do seu som - aliás, essa é a grande diferença que podemos apontar relativamente a Wavvves, o anterior de originais.

Em King of the Beach, o trio de San Diego revela a urgência dos Ramones, vários tiques à Beach Boys e a contestação/palhaçada punk dos anos 90 - sim, falamos dos Greenday, Blink 182, Sum 41 e muitas outras bandas de uma mediocridade atroz. Mas os Wavves fazem-no com estilo. São os Brakes quando lhes dá para a palhaçada e os Nirvana de "I Hate Myself and I Want To Die".

É o álbum para adolescentes que não fica mal ao adulto gostar - e este é o melhor elogio que lhe podemos fazer.

Before Today – 8/10
King of the Beach – 7/10





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