A última noite do Festival da Lusofonia, em Oeiras, foi, arriscamos, a noite com a média de idades mais baixa de todo o evento. Não surpreende. Oquestrada, Da Weasel e Buraka Som Sistema compunham um cartaz jovem.
Os primeiros a entrar em palco foram os Oquestrada, que haviam estado dois dias antes em Sines para o Festival de Músicas do Mundo. A banda explora terrenos como o fado (guitarra portuguesa), folclore e até, ainda que raramente, algum jazz. Os seis elementos que compõe o projecto divertem-se e divertem os presentes. Cada um tem o seu momento exibicionista – com ou sem instrumentos – o que serve para entreter um recinto que já se começa a compor para o concerto de Da Weasel. No final, visivelmente satisfeitos, tocam «mais uma», que afinal são duas e fecham a loja com a sensação de dever cumprido.
Os Da Weasel estão melhores que nunca. A banda de Almada surpreende com um início «rockeiro», composto por "GTA" e uma surpresa, "Selectah", que andava fora do espectáculo da Doninha há já algum tempo. Há que abrandar a toada e servir o conjunto infernal de êxitos que são temas como "Força", "Dialectos de Ternura", “Adivinha Quem Voltou”, "Re-Tratamento", e "Nunca me deixes", estas últimas duas no pior que os Da Weasel já fizeram. Desta vez não houve o habitual mortal de Virgul, mas houve as habituais vénias de Pacman a Jay Jay, um mini-set de DJ Glue dedicado a Michael Jackson e uma passagem por "Killing in The Name" dos Rage Against The Machine. Para o fim, o regresso do rock puro e duro com "Bomboca (Morde a Bala)" e "Niggas" e um regresso, já em encore, com "God Bless Johnny" e o já clássico "Tás na Boa". Pelo meio uma paródica menção ao final de "The Beautiful People" de Marilyn Manson por Virgul. Concerto da noite.
Seguia-se a banda mais internacional que Portugal alguma vez viu nascer. O público não descola da frente do palco. Os Buraka Som Sistema (BSS) têm a noite ganha à partida. A disposição dos músicos em palco não é a nada convencional. Do lado direito a bateria, do lado esquerdo a percussão, as duas em claro confronto num frente-a-frente moderado pelo DJ de serviço, DJ Riot, mais atrás, mas ao centro. Os dois MC's de serviço partilham o resto do palco com as duas bailarinas/vocalistas que fazem as vozes femininas e estão encarregues de animar as hostes. Por esta altura os êxitos já são muitos. "Yah", "Aqui Para Vocês", "Kalemba" e "Sound of Kuduro" são pontos altos de um concerto explosivo. O som de "Killing in the Name Of" chega a fazer-se ouvir de novo, mas desta vez não há Michael Jackson. Há The Prodigy com "Poison" e AC/DC com "Thunderstruck". A chave do sucesso dos BSS não passa apenas pelo palco, mas sabe-se que essa é uma das faces importantes da enorme projecção que o grupo da Amadora goza neste momento. Vieram de Berlim e vão para o Japão. No mínimo, impressionante.
2 comentários:
Até concordo que BSS possam, de momento, gozar de uma grande projecção internacional, mas infelizmente - para já - são mais do mesmo!
Esta fórmula de sucesso esbarra em grandes nomes como Basement Jaxx, por exemplo.
Ter orgulho por serem uma banda portuguesa com sucesso internacional, por si só, não é suficente.
Já os vi três vezes, duas delas no SW TMN.
Por exemplo, há dois anos no SW TMN, quem lá esteve recorda e bem o mediocre concerto que deram! Entoaram-se cânticos racistas.Foi cantada uma música inteira "...filho da p**a".
Neste evento de Oeiras até concondo que tenham dado um bom concerto, mas é surpreendente como dois anos depois voltam ao SW TMN e logo como cabeças de cartaz no palco principal.
O serem uma grande banda ainda está a alguma distância.
Falta-lhes algo mais importante: humildade.
Em suma, o que está na moda nem sempre é totalmente bom!
Sim, o concerto não foi nada do outro mundo e os BSS não são fantásticos. Quando conclui com um «No mínimo, impressionante.» referia-me à projecção internacional.
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