Young para sempre
Quase cinco horas antes do concerto, as filas já se propagavam de dezenas ou mesmo centenas de metros. Os fãs, trajados a rigor, com t-shirts e outro tipo de merchandising, com destaque para os cornos do “Demo”, com o carimbo AC/DC.
Por esta altura abriam-se as portas e os primeiros fãs espalhavam-se em frente ao palco. Objectivo: primeira (s) fila (s).
À hora marcada para o início do espectáculo ouvia-se “devem-se ter atrasado no comboio”. Nada disso. Quando, após um fantástico vídeo de introdução, surgem os primeiros acordes do mais recente hino “Rock N’ Roll Train”, percebe-se que as saudades já eram insuportáveis e não há como esconder a emoção de voltar a ver (pela última vez?) os cinco australianos em cima de um (enorme) “palco português”.
Brian Jonhson e Angus Young, as faces mais visíveis da banda, surgem iguais a si mesmos. O vocalista demonstrou-se altamente bem disposto e extremamente comunicativo. O guitarrista surgiu com a inconfundível farda colegial e agarrado à guitarra – impressionante que, com apenas três acordes, Angus Young se tenha tornado um verdadeiro deus da guitarra.
Os clássicos surgem com naturalidade. “Back in Black” é demolidora, “Thunderstruck” começa a ser anunciada pelo público antes mesmo da guitarra de Angus Young se fazer ouvir, “You Shook me All Night Long” é canta em uníssono e “Let There Be Rock” prolonga-se em solos até mais não – foi, diga-se, o momento alto de Angus, que acabou no centro do relvado sustentado por uma estrutura circular.
O aparato técnico é colossal. Há um sino no topo do palco – que viria a anunciar “Hell’s Bells” –, pirotecnia e, quase a acabar, uma boneca insuflável gigante. Para intervalar os clássicos de sempre, os australianos “despacham” os temas novos com inquestionável classe. Destaque para “War Machine” e “Anything Goes”.
Em encore, já depois de um mui celebrado strip, Angus Young, surge de debaixo do chão – qual demónio infernal! – e “desata” o primeiro riff de “Highway to Hell”. A noite acabaria com “For Those About to Rock (We Salute You)”.
Para os mais cépticos, o concerto de Alvalade foi a prova de que 36 anos depois da sua formação, os AC/DC continuam com a mesma intensidade dos primeiros temas. Histórico.
Na primeira parte, entraram os Vicious 5 primeiro - atendendo à recepção das duas bandas de abertura, faria mais sentido colocar os Mundo Cão a começar. A banda tem uma boa colecção de riffs, mas Joaquim Albergaria e companhia demoraram a aquecer. Não estando mal já os vimos fazer melhor.
Por seu lado, os Mundo Cão não tiveram a melhor das recepções. Alguns problemas de som não ajudaram, para além de que o negrume dos riffs pesadões e das letras mórbidas não encaixa bem numa tão vasto festim. O público teve nota claramente negativa - por ignorância relativamente à banda ou por uma ansiedade pouco esclarecida pelos AC/DC. Grandes canções como "Ordena que te Ame" ou "Divã de Tule" ficam à espera de uma melhor ocasião para brilhar.
Nota: A foto não corresponde ao concerto visado.
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