Esqueçam o acne desencadeado por hormonas sexuais pouco controladas, os riffs cantaroláveis, esqueçam até as capas capazes de ficar para a história e os títulos de disco bizarros - bem, aqui a coisa não mudou assim tanto, ao invés de um título sem fim como Whatever People Say That i am, That's What I'm Not, temos um provocante Suck it and See. Os Arctic Monkeys de hoje são não são os Arctic Monkeys de há cinco/seis anos. Constactação óbvia: há quem aprecie a mudança e há o outro lado da moeda, os que a renegam.
Muitos parecem já não se lembrar - os Arctic Monkeys mudaram, em 2006, a forma como viamos a música até essa altura. A banda de Alex Turner e companhia foi o primeiro bebé Myspace de sempre. Na altura, o Myspace era a maior rede social do mundo a seguir ao Hi5 - hoje estão as duas ligadas às máquinas. O mundo mudou, os Arctic Monkeys também.
Uma coisa é certa, os Monkeys não regressarão tão cedo à sonoridade de Whatever.... Talvez num eventual regresso às raízes, esse hábito tão comum (passe a redundância) no rock - caso esse dia chegue, arriscamos, os Arctic Monkeys já terão caído na mesma irrelevância artistica de uns Foo Fighters. As premissas de Humbug, claro, mantém-se para Suck it and See. A sonoridade (e a imagem) da banda de Sheffield está mais negra e mais condizente com os ares britânicos - convenhamos que em Inglaterra, mais do que noutro qualquer local do planeta, esta imagem acenta melhor que uma luva. A imagem dos Arctic Monkeys de 2011 é facilmente confundivel com a dos Black Rebel Motorcycle Club de 2001. Melhor: A imagem dos Arctic Monkeys de 2011 é facilmente confundível com a dos Jesus & Mary Chain de 1991 - chega a ser assustadoramente parecida no vídeo (e música) de "The Hellcat Spangled Shalalala". Também há reminiscências dos Queens of the Stone Age em "Brick by Brick" e "Don't Sit Down Cause i Moved Your Chair" e algumas influências country nas canções mais intropectivas. "Suck it and See" é entusiasmante até "All My Own Stants" - a partir daí, é como se as luzes baixassem e parece que, ao invés de uma banda, temos Turner a solo. O que é uma pena.
Não nos deixemos enganar, Whatever... é, provavelmente, o mais importante disco de rock desde Nevermind dos Nirvana - punks bem comportados, que raio? Um dos grandes problemas da música popular contemporânea é o de viver um passado que não volta em vez de um presente que se apresenta igualmente entusiasmante, embora diferente. Os Monkeys já não estão numa de ser os Beatles do século XXI. Suck it and See é isso, é, como disseram os próprios Monkeys ao Guardian, "mais preocupados em ser melhor, menos ralada em agradar os fãs da velha guarda".
7/10